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Governo em direção à queda, mas no PSD há quem tente evitar eleições

De Marques Mendes a Carlos Moedas, levantam-se as vozes que esperam que a moção de confiança do Governo não signifique novas eleições no país. Apelam ao Presidente da República para que faça tudo para evitar esse cenário.

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A moção de confiança do Governo te chumbo garantido, mas, até terça-feira, ainda há quem acredite que tudo pode mudar. O candidato presidencial Luís Marques Mendes quer que Marcelo Rebelo de Sousa convença Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos de que as eleições antecipadas não são inevitáveis. 

O debate da moção de censura trouxe à luz do dia aquele que pode ser o plano do Governo para enfrentar a crise política que se abriu. Não foi pelo que se disse, mas pelo que o ministro Leitão Amaro mostrou inadvertidamente. Uma fotografia captada pela Lusa mostra seis passos, por dias, do plano para o Governo até à moção de confiança.  

O dia do debate da moção de confiança, segundo o previsto no documento de Leitão Amaro, culminaria com os ministros nas televisões e, no dia seguinte, os partidos deveriam receber as respostas às perguntas que enviaram ao Governo. Antes da moção de confiança de terça-feira, o primeiro-ministro deveria ainda dar uma entrevista às três estações televisivas. 

À SIC, fonte do Governo confirma a veracidade do rascunho, mas diz que aquilo que ele contém são apenas cenários que podem ou não confirmar-se. 

Um guia para evitar eleições

Para já, o cenário de eleições antecipadas parece inevitável - mas ainda há quem acredite que Marcelo Rebelo de Sousa pode ter a capacidade de mudar o futuro. É o caso de Luís Marques Mendes.

O candidato presidencial quer que o Chefe de Estado se ponha em campo para tentar levar a bom porto três diligências. A primeira é fazer Luís Montenegro responder às perguntas da comunicação social. A segunda é fazer Pedro Nuno Santos retirar a proposta de uma comissão parlamentar de inquérito sobre a família do chefe de Governo. E a terceira é fazer o primeiro-ministro retirar a moção de confiança. 

“É importante evitar umas eleições que são indesejáveis e garantir o mínimo de estabilidade, pelo menos, até ao fim do PRR [Plano de Recuperação e Resiliência]”, declarou Marques Mendes. 

Os autarcas que estão a preparar as eleições locais de setembro também têm fé no magistério de influência de Belém. 

“Não podemos ir a eleições”, defende o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas. “Temos de as evitar ao máximo.” 

“Conto com o Presidente da República. Penso que o Presidente da República tem essa capacidade”, reforçou. 

A mesma liderança a ir a teste

O tom do Chefe de Estado não parece virado para diligências. Marcelo Rebelo de Sousafala em eleições antecipadas e dos partidos que suportam o Governo só quer confirmar o que já sabe: se “querem apresentar a mesma liderança” perante um eventual novo sufrágio. 

No PSD, não há margem para mudanças. O secretário-geral do partido já o tinha dito e Montenegro confirma: é ele o líder que vai a votos. 

“Não vai sofrer alterações”, assegurou Luís Montenegro. 

Ninguém sabe como é que o Parlamento vai ficar depois das mais que prováveis eleições antecipadas, mas no núcleo duro do Governo, há quem acredite na maioria absoluta. Nomeadamente, o ministro dos Negócios Estrangeiros, que afirmou isso mesmo, esta quinta-feira, em entrevista ao Observador.  

“Gostávamos de ter maioria absoluta e até acho que a merecemos”, declarou Paulo Rangel. 

O calendário está acelerado. No plano do Governo, é só repetir o que Cavaco Silva fez em 1987 e conseguir uma maioria absoluta para Montenegro.