O Ministério Público quer que a mulher de Manuel Pinho também seja condenada a pagar os quase cinco milhões de euros de indemnização no processo EDP. As alegações finais ficaram, esta terça-feira, marcadas também pela argumentação da defesa de Ricardo Salgado, com o advogado a insistir que o ex-banqueiro não pode ser condenado porque não entende o que isso é.
Em prisão domiciliária há mais de três anos, o antigo ministro da Economia Manuel Pinho voltou a sair de casa para ir a um tribunal. Desta vez, o da Relação de Lisboa, que irá decidir se concorda ou não com as condenações da primeira instância: 10 anos de prisão efetiva para o ex-ministro de José Sócrates por ter sido corrompido; seis anos e três meses de cadeia para Ricardo Salgado por ter sido o corruptor; e quatro anos e oito meses de prisão para a mulher de Pinho, mas com pena suspensa, por ter ajudado a branquear o dinheiro sujo.
Para o Ministério Público da Relação está tudo certo: em menos de cinco minutos de alegações, pediu apenas um agravamento do castigo de Alexandra Pinho para ser condenada a pagar solidariamente com o marido 4,9 milhões de euros ao Estado.
Em sentido contrário, o antigo governante e o advogado vieram dizer ao tribunal o que já tinham escrito em dois livros, lançados recentemente: que não é possível provar que Pinho tenha favorecido o Grupo Espírito Santo (GES) enquanto era ministro e que foi um erro condená-lo por corrupção.
A defesa de Ricardo Salgado, por sua vez, voltou a esquecer os factos que levaram à condenação, focando os 30 minutos das alegações no mesmo ponto de sempre: o banqueiro está com Alzheimer, não se pode defender e, por isso, a pena de prisão deveria ser suspensa.
Manuel Pinho: "O tribunal que me condenou errou três vezes"
O antigo ministro diz estar "há mais de três anos em prisão domiciliária sem a minha sentença ter transitado em julgado" e reitera que não fez qualquer "pacto corruptivo com Ricardo Salgado".
Numa nota enviada hoje às redações, Manuel Pinho defende que não recebeu "verbas indevidas do BES e do GES" e deixa fortes críticas ao Tribunal da Relação de Lisboa.
"O tribunal que me condenou errou não uma, mas três vezes e só posso esperar que a sessão de hoje o tenha tornado claro como a água. Durante o meu julgamento, todas as testemunhas depuseram a meu favor, os contratos que me ligavam ao BES são públicos e não estão escondidos e convido-os a visitarem-me em minha casa para que eu possa responder a todas as questões que entendam colocar-me. Nenhuma delas ficará sem resposta", lê-se no comunicado emitido pelo antigo governante.