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"Cheguei às 4h da manhã": dezenas madrugam para formar filas nos centros de saúde

A falta de médicos de família é cada vez mais grave e continua a deixar milhares de pessoas sem assistência na doença. É uma realidade que afeta, por exemplo, o centro de saúde de Algueirão Mem Martins, em Sintra, um dos maiores do país. Há 29 mil utentes sem médico, mais de 70% dos inscritos.

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À espera desde as cinco horas da manhã, três horas antes do centro de saúde abrir, Marcelina tenta, pela segunda vez, conseguir uma senha de atendimento no centro de saúde de Algueirão-Mem Martins, em Sintra.

"Temos que madrugar, se chegarmos às 8h já não há senhas. Por dia há 25 senhas", conta Marcelina. Outro utente diz que costuma chegar às 4h para (tentar) garantir uma consulta do dia.

As senhas costumam ser insuficientes no centro de saúde de Algueirão-Mem Martins. Na manhã desta segunda-feira, não chegaram para metade da fila que se formou até as portas abrirem.

1.6 milhão sem médico de família

O centro tem cerca de 40 mil inscritos. Mais de dois terços não têm médico de família atribuído. Em todo o país, quase 1.6 milhão de pessoas não tem.

Os dados, no site do Serviço Nacional de Saúde, mostram que o número de utentes sem médico de família aumentou no mês passado face ao mês anterior, mas também em relação ao período homólogo. Se compararmos com março do ano passado, há mais 54 mil pessoas sem médico.

O Ministério da Saúde explica o aumento com as aposentações de profissionais e com a subida do número de inscritos. No último ano, inscreveram-se nos cuidados de saúde primários mais de 200 mil pessoas.