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Cortes de Trump às universidades não alinhadas com o Governo americano chegaram a Portugal

O Governo americano enviou às faculdades portuguesas com quem mantinha contratos de colaboração um inquérito que continha perguntas ideológicas ligadas ao género ou sobre influências malignas da China. O questionário seguiu com a decisão de cortar de imediato o financiamento.

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O fim com efeitos imediatos do financiamento de cerca de 20 mil euros anuais ao programa American Corner, um espaço de intercâmbio e divulgação científica no Instituto Superior Técnico, foi comunicado pelo departamento de Estado norte-americano a 7 de março. No mesmo dia seguiu um inquérito com 36 perguntas que deixaram o Presidente perplexo.

“Não tenho memória de a minha instituição jamais ter recebido um inquérito deste teor. (...) Parece-me que estas perguntas são perguntas muito típicas de um país que sente de alguma forma ameaçado”, explica Rogério Colaço, presidente do Instituto Superior Técnico

As perguntas a que a SIC teve acesso questionavam a organização e pedia se confirma:

  • "Que não trabalha com entidades ligadas ao comunismo ou socialismo?"
  • Não "colabora com organizações terroristas"?
  • "Não é um projeto de "justiça climática"?
  • "Protege as mulheres e as defende de ideologias de género?"
  • "Em que medida contribui para conter a influência maligna da China?"

A direção do Técnico decidiu não responder e enviou uma carta a explicar as razões.

Os programas financiados pelo Governo norte-americano em Portugal existem em seis instituições universitárias. Além do IST, Açores, Aveiro, Porto, Lisboa na Faculdade de letras e na Nova de Lisboa

Face aos questionários enviados a todas, o conselho de reitores mostrou o desagrado ao Governo português.

“As perguntas em geral são ofensivas e inaceitáveis quando dirigidas a uma instituição de ensino superior pública num estado de direito que goza de autonomia académica e científica e tem valores de dignidade e de valor pela vida humana”, diz Paulo Jorge Ferreira, presidente do conselho de reitores.

A porta-voz da embaixada norte-americana enalteceu o mérito dos parceiros e justificou que foi pedido a todas as embaixadas a avaliação e revisão dos projetos financiados para que sigam a linha das novas diretivas de Donald Trump.