A Câmara Municipal de Viana do Castelo lançou um novo concurso para a construção do Mercado Municipal. Este é já o quarto procedimento lançado, depois de os anteriores terem ficado desertos, sem qualquer concorrente.
O novo edifício será erguido no terreno onde se encontrava o antigo Edifício Jardim, mais conhecido como Prédio Coutinho, demolido após duas décadas de batalhas judiciais.
Uma promessa no lugar de um ícone controverso
Há três anos, o Prédio Coutinho desapareceu da paisagem urbana de Viana do Castelo. No seu lugar, resta um terreno vedado e a promessa de que ali nascerá finalmente o novo mercado municipal.
Contudo, o processo tem-se arrastado. Desde o lançamento do primeiro concurso, em julho de 2023, o valor da empreitada já foi revisto em cerca de seis milhões de euros e o projeto original sofreu várias alterações.
Agora, o plano inclui não só a construção do edifício do mercado, como também obras na sua envolvente.
Com o fim do programa Polis e sem possibilidade de recorrer a fundos comunitários, a responsabilidade financeira foi transferida para o Estado e para a autarquia.
Um compromisso adiado
O presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo mostra-se confiante de que este novo concurso terá sucesso e reafirma o compromisso de ver finalmente concretizada a obra num local que marcou a vida de cerca de 300 moradores.
O Edifício Jardim foi construído nos anos 70 e contava com 13 andares. Após anos de contestação e luta judicial, acabou por ser demolido. Os moradores foram realojados ou indemnizados, mas alguns mantêm processos em tribunal, sem nunca terem aceitado a decisão.
Desconfiança e esperança no terreno
Três anos após a demolição de mais de uma centena de apartamentos, há ainda quem duvide de que a construção do novo mercado vá mesmo avançar.
D. Josefa, vendedora há 25 anos num espaço provisório que se tornou definitivo, fala de um negócio cada vez mais difícil de sustentar.
Adriano Paço, que viu o Prédio Coutinho nascer, espera agora que a garrafeira da família tenha lugar na nova vida de um dos projetos mais polémicos da cidade.
Apesar das rendas simbólicas – rondam os 30 euros – os lojistas queixam-se do abandono e da localização atual, pouco apelativa para os clientes.
O futuro do mercado
O novo Mercado Municipal de Viana do Castelo contará com 28 lojas, 56 bancas de venda e um parque de estacionamento.
Se este quarto concurso finalmente avançar, a obra deverá prolongar-se pelo menos até 2027 – quase três décadas depois da decisão de demolir um prédio que, para muitos, "estragava a vista".