País

Lisboa: 30 imigrantes pagavam milhares de euros para viver em "condições desumanas" em cave de restaurante

Cerca de 30 imigrantes foram descobertos a viver numa cave sem condições mínimas, entre baratas e ratos, na freguesia de Arroios, em Lisboa. Carlos Moedas diz que se trata de uma vergonha para o país e acusa o proprietário de estar a aproveitar-se da fragilidade das pessoas.

Loading...

De fora aparente ser um restaurante fechado, mas, no interior, numa cave, um dormitório com colchões no chão e roupa arrumada no pouco espaço disponível.

“É uma loja que está a ser habitação, uma loja em que as pessoas estão a pagar, porque estes imigrantes têm trabalho e portanto estão a pagar todos os dias, estão a pagar a um proprietário que… Não tenho palavras, é inaceitável o que ele está a fazer. (…) Isto não é possível, isto é uma vergonha", acusa Carlos Moedas, presidente da Câmara Municipal de Lisboa.

Até 2020, este local foi um escritório de contabilidade, tendo sido posteriormente comprado supostamente para funcionar como restaurante, que nunca abriu.

“Condições muito desumanas”

No interior viviam cerca de 30 imigrantes oriundos do Bangladesh. Houve queixas de que usariam a rua como casa de banho.

As pessoas viviam em "condições muito desumanas", com baratas e ratos, indicou a autarca de Arroios, Madalena Natividade, referindo que a situação foi denunciada pelos vizinhos, que se queixaram à junta "do cheiro nauseabundo e de movimentos estranhos a entrar e sair do restaurante".

Imigrantes "pagavam entre 180 e 200 euros por mês"

Os imigrantes retirados deste alojamento ilegal "mal falavam inglês", pelo que houve "alguma dificuldade" na recolha de informações, mas há a indicação de que "pagavam entre 180 e 200 euros por mês" para pernoitar neste restaurante desativado, revelou Madalena Natividade. Ou seja, cerca de 6.000 euros entre todos.

Como presidente da Junta de Freguesia de Arroios, Madalena Natividade afirmou que a sua preocupação é zelar pela saúde pública, garantir a segurança e "combater esta imigração ilegal, que está a crescer".

Situação arrastava-se há quase três anos

A operação da Polícia Municipal aconteceu esta quinta-feira, mas há quem garanta que a situação é conhecida há muito mais tempo.

"Obviamente que se percebia que era um dormitório desde o final de 2022 e eu, em fevereiro de 2023, fiz uma denúncia ao SEF, à Câmara Municipal reportei talvez uns meses mais tarde. Esteve aqui a Polícia Municipal já em 2023 e os bombeiros inclusive, mas não tive resposta sobre a situação", conta Miguel Macedo, morador em Arroios.

A Câmara Municipal de Lisboa sublinha que todas as pessoas retiradas deste espaço serão encaminhadas para uma habitação digna.

Com Lusa