O Presidente faz, de seguida, uma viagem sobre a história política recente do país. Lembra a "geringonça", o aparecimento de movimentos inorgânicos - que aponta como sintomas da crise no sistema - e a fragmentação da direita. Fala de um salto da imigração após a pandemia, da explosão do turismo residencial, de como dispararam os preços na habitação e como a administração pública e a justiça ficaram descompensada. Tudo isto, afirma, enquanto crescia o "medo, incompreensão e rejeição" em relação aos que entravam no país e os fundos europeus demoravam "teimosamente" a chegar às pessoas.
"Tudo tão depressa, tão inesperadamente, que mudara o Portugal dos anos 80, 90 e do século XXI. E mudava agora os seus hábitos de vida".
Num recado final para Luís Montenegro, Marcelo Rebelo de Sousa avisa-o de que "Portugal mudou".
O Presidente da República constata que o primeiro-ministro "tentou fazer o seu melhor" para ir ao encontro do "mais urgente" por resolver, enquanto mantinha as contas certas. Mas agora, alerta-o, a meta "é bem mais ambiciosa".
"Tem de ir à raiz estrutural do que precisa de se ajustar a um novo Portugal", diz-lhe. Isto passa por, segundo Marcelo Rebelo de Sousa, aplicar apoios europeus, fomentar investimento e exportações, aumentar o poder de compra, não esquecendo os mais pobres e excluídos, mudar orgânicas encravadas (na Saúde, Habitação e Educação), enfrentar a guerra (com mais despesas em Defesa e o dever de manter apoio constante à Ucrânia, além do sobressalto humanitário e político quanto ao Médio Oriente).
Classificando o primeiro-ministro como "determinado" e "persistente", Marcelo Rebelo de Sousa garante-lhe que conta com a "solidariedade" do Presidente da República "até ao fim do mandato". Assim como de "abertura parlamentar para o diálogo" e de um Presidente da Assembleia da República "amplamente legitimado". Mas, sobretudo, com "a expectativa do povo".
"Não há tempo nem espaço para não ter esse êxito", avisa, insistindo que a vitória eleitoral de Montenegro foi "personalizada".
"É chamado a comprovar que o essencial de Abril" permanece e que esse Abril "é capaz de dar futuro a um Portugal muito diferente do de 1974", concluiu.