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Grupo neonazi que atacou atores do teatro A Barraca é o mesmo que insultou Sheik David Munir no 10 de junho

O Governo promete reforçar o policiamento para prevenir casos como o da agressão ao ator da companhia de teatro A Barraca. O agressor pertence a um grupo de extrema-direita que, horas antes, terá insultado o sheik David Munir na cerimónia de homenagem aos combatentes do Ultramar, no dia 10 de junho.

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"É uma vergonha. É uma vergonha pá. Isto não é a tua pátria": perante estas palavras, a polícia não teve outra solução e foi obrigada a intervir para acalmar a voz que insultava o imã da Mesquita Central de Lisboa, um português de sempre que, em menino, até vestiu o uniforme da chamada Mocidade Portuguesa.

Os insultos pareciam ato de um homem só, mas, segundo revela o semanário Expresso, houve na mesma cerimónia outras vozes de extrema-direita indignadas contra a presença de Sheik David Munir. Algumas terão sido as mesmas que, oito horas depois, a poucos quilómetros da homenagem aos combatentes do Ultramar, assediaram e agrediram atores do teatro A Barraca.

Por estarem em causa crimes de incitamento ao ódio e à violência, a investigação passou para a esfera da Unidade de Contra Terrorismo da Polícia Judiciária (PJ). Um jovem de 20 anos, sem antecedentes criminais, já foi identificado. Os outros suspeitos, também membros de grupos neonazis como “Os Portugueses Primeiro”, poderão também seguir o mesmo caminho, com a ajuda destas imagens já analisadas pela PJ.

O Governo promete reforçar o policiamento para prevenir casos como este e avisa que os atos de ódio são intoleráveis. As razões do ataque aos atores no feriado de 10 de junho ainda não são conhecidas.

A investigação continua e tem na mira pelo menos nove grupos neonazis, ultranacionalistas ou identitários, cujo discurso de ódio é cada vez mais presente nas redes sociais e, pelos vistos, também nas ruas.