António Costa diz que escolher entre o estado social e o investimento na defesa levará a um suicídio coletivo. O presidente do Conselho Europeu considera, ainda assim, que o acordo conseguido na cimeira da NATO pode ser um bom sinal para se alcançar tréguas na guerra comercial com os Estados Unidos.
Há duas semanas, no Canadá, à margem da cimeira do G7, António Costa deu de presente a Donald Trump, uma camisola da seleção portuguesa assinada por Cristiano Ronaldo.
"É uma matéria muito forte que Cristiano Ronaldo enviou e acho que foi muito bem acolhida. Logo a seguir houve um acordo no âmbito da NATO e temos vindo a trabalhar para resolver este conflito comercial", afirma António Costa.
Os Estados Unidos até podem olhar para as tarifas como um bom instrumento económico. Para a Europa, de bom nada tem. Transformam-se em impostos com impacto na inflação.
É um dos dossiês que António Costa tem em cima da mesa. Há uma semana saiu de Haia com alguma esperança no diálogo com os Estados Unidos na cimeira da NATO e depois de Trump ter dito que os aliados gastavam pouco em defesa foi possível chegar a um acordo para uma aumento da despesa.
"Isso só pode ter uma influência positiva nas negociações comerciais", acrescenta António Costa.
O acordo considerado histórico prevê dar um salto até 5% do PIB em gastos com defesa.
Para António Costa, presidente do Conselho Europeu, este investimento até pode ser importante, mas não pode colocar em causa o compromisso com o estado social.
António Costa, numa entrevista à Lusa, faz o balanço de seis meses no cargo, marcado por guerras. No caso da Rússia, sublinha as recusas por parte de Moscovo de um cessar-fogo de um diálogo que abra caminho à paz. Tem vindo mesmo a intensificar os ataques à Ucrânia.
"Não me parece que esteja no horizonte da Rússia a predisposição para negociar a paz. Portanto, temos de continuar a apoiar a Ucrânia e aumentar pressão sobre a Rússia."
A Europa prepara-se para aprovar um novo pacote de sanções à Rússia.
Quanto ao Médio Oriente, António Costa diz que a UE "não pode ficar impávida" face a Israel e realça a "terrível situação humanitária" na Faixa de Gaza.