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Observatório de Violência Obstétrica exige demissão da ministra da Saúde após morte de dois bebés em duas semanas

Uma grávida de 40 semanas perdeu o filho depois de ter ido a cinco hospitais diferentes, com queixas de dores intensas. A bebé nasceu, mas não resistiu por causa do tempo que passou com pouco oxigénio durante o parto. Num outro caso, uma grávida do Barreiro, 31 semanas, foi encaminhada para o Hospital de Santa Maria, mas não tinha dinheiro para lá chegar. Mais tarde, quando chegou a outro hospital o bebé já estava sem vida.

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O Observatório de Violência Obstétrica exige a demissão da ministra da Saúde depois da morte de dois bebés nas últimas duas semanas. A Comissão do Ministério da Saúde que avalia as respostas das urgências de obstetrícia garante que não houve falhas no cuidados médicos prestados às duas grávidas.

Em duas semanas, dois casos diferentes, com o mesmo desfecho: duas mulheres perderam os bebés.

Uma delas, grávida de 40 semanas, perdeu o filho depois de ter ido a cinco hospitais diferentes, com queixas de dores intensas, na Margem Sul e em Lisboa.

A Comissão do Ministério da Saúde que avalia as respostas das Urgências de Obstetrícia garante que não houve falhas nos cuidados médicos prestados e que a saúde da mãe e do bebé nunca foi posta em causa.

Acabou por ter de ser submetida a uma cesariana de emergência e só nessa altura é que a equipa do Hospital Santa Maria percebeu que a utente tinha uma inflamação no útero, o que dificultou a extração do feto.

A bebé nasceu, mas não resistiu por causa do tempo que passou com pouco oxigénio durante o parto.

Num outro caso, uma grávida do Barreiro, 31 semanas, foi inicialmente encaminhada para o Hospital de Santa Maria pela linha SNS24, hospital que naquela noite tinha as urgências de obstetrícia a funcionar.

A mulher terá dito ao operador que não tinha dinheiro para se deslocar até Lisboa.

Voltou a ligar mais tarde e acabou por ser transportada para o Hospital de Cascais, a uma hora de distância, mas quando chegou o bebé já estava sem vida.

A Comissão diz que foi a decisão possível porque os hospitais mais próximos que poderiam dar resposta em neonatologia a um bebé prematuro não tinham vagas.

Observatório de Violência Obstétrica exige demissão da ministra da Saúde

O Observatório de Violência Obstétrica que defende os direitos das mulheres vem agora exigir a demissão da ministra da Saúde. Diz que as queixas desta mulher não foram ouvidas, nem acompanhadas e questiona:

"Nos 13 dias, perante as várias queixas, onde foram aplicadas as orientações de acompanhamento de proximidade no âmbito da gravidez?"

Exige por isso a demissão de Ana Paula Martins. Diz que a ministra não está a conseguir reunir consensos e que não sabe como resolver os graves problemas que a saúde enfrenta no país.