Em entrevista à SIC Notícias, Basílio Horta, presidente da Câmara de Sintra e do Conselho Metropolitano de Lisboa, abordou vários temas, como a crise da habitação, a situação da saúde e as eleições autárquicas e presidenciais.
Falando sobre a crise da habitação, Basílio Horta não poupou críticas e destacou a gravidade da situação em Portugal. Para o autarca, a crise habitacional é uma realidade que se tem agravado nos últimos anos, sendo atualmente um dos maiores desafios.
Refletindo sobre as recentes demolições no bairro do Talude Militar, em Loures, o autarca sublinhou que esse caso é um exemplo claro das dificuldades enfrentadas no país.
“São decisões muito difíceis. Temos de ver o processo, em que condições foi tomada a decisão, quanto tempo demorou e o que se passou. Isto é uma matéria muito séria, e tem de se ter cuidado com as opiniões”, afirmou.
O autarca considera a situação “muito séria”, contudo acredita que a solução passa por mais do que simplesmente “construir habitação ilegal”, como tem ocorrido em algumas áreas.
“A crise da habitação não se resolve com a construção de habitações ilegais. Esse tipo de atitude pode ser muito popular, mas não só não resolve o problema, como ainda cria outra crise no estado de direito”, afirmou.
“O Governo não pode ficar alheio a isto"
Durante a entrevista, o autarca fez duras críticas à postura do Governo.
"O Governo não pode ficar alheio a isto", afirmou, apontando que as câmaras estão a ser forçadas a lidar com problemas estruturais como a habitação e a saúde, áreas que não são da sua competência.
“As câmaras estão a dar a cara em vários domínios que não são da sua competência”, sublinhou, frisando que, apesar das dificuldades, são as autarquias que têm estado na linha da frente para tentar resolver os problemas urgentes.
Ainda durante a entrevista, Basílio Horta abordou o novo hospital de Sintra e explicou que a decisão de construir o novo hospital foi tomada devido à grave situação de saúde vivida pelos sintrenses.
“Sintra, com 400 mil habitantes, não tinha sequer uma VMER (Viatura Médica de Emergência e Reanimação), os centros de saúde eram os piores de Portugal e o hospital Amadora-Sintra estava sobrecarregado, servindo mais de 500 mil pessoas, quando estava projetado para 200 mil", explicou.
Questionado sobre se houve ou não a contratação de novos profissionais de saúde para o novo hospital, o autarca garantiu que sim, embora não tenha dado um número exato.
“Não sei o número de contratados, isso é da competência do Ministério da Saúde", disse.
Além disso, falou também sobre a suspensão das urgências básicas em Algueirão-Mem Martins, ocorrida na semana passada. Segundo o autarca a suspensão é “normal”, pois o novo hospital tem muito mais capacidade para atender à população.
“Se for a vontade do povo, lamento muito”
Sobre as eleições autárquicas, Basílio Horta foi questionado sobre a possibilidade de Rita Matias, candidata do Chega, vencer a Câmara de Sintra. “A democracia funciona, e temos de respeitar a vontade do povo. Se essa for a vontade do povo, lamento muito”, respondeu demonstrando alguma preocupação com a escolha do próximo líder do município.
Para Basílio Horta, o Conselho de Sintra ficaria melhor entregue a Ana Mendes Godinho, candidata pelo PS e pelo Livre.
Na área das presidenciais, Basílio Horta foi questionado sobre António José Seguro, uma figura que, segundo o autarca, é muito respeitada.
“Gosto muito de António José Seguro. É um homem muito sério, conheço-o bem”, afirmou.
Contudo, quando questionado sobre se o apoiaria, Basílio foi cauteloso: “Isso é outra questão. O meu tempo agora é acabar o meu mandato com dignidade”, concluiu, focando-se nos desafios do seu cargo atual em vez de se envolver diretamente nas futuras eleições presidenciais.