A Ordem dos Médicos (OM) admite estar preocupada com a gestão do Hospital Santa Maria, em Lisboa, mas diz que não faz juízos de valor. O bastonário Carlos Cortes reuniu-se os diretores clínicos do hospital.
Carlos Cortes disse que não faz juízos de valor, mas não escondeu "alguma preocupação" sobre a gestão do hospital.
"A OM está preocupada com aquilo que está a acontecer no Hospital Santa Maria. Não deveria acontecer. Tentei recolher alguns elementos junto do diretor clínico sobre a questão da ortopedia, não obtive, não fiquei satisfeito, porque há mais aspetos que devem ser esclarecidos e irei entrar em contacto, assim que puder, com o diretor de serviço de Ortopedia", salientou.
O responsável falava aos jornalistas após se reunir com os diretores clínicos da ULS Santa Maria, Rui Tato Marinho e Eunice Carrapiço, na sede da OM, em Lisboa.
O bastonário da Ordem disse que não ficou esclarecido com o afastamento do diretor clínico da unidade local de saúde (ULS) Santa Maria e revelou preocupação com a demissão do diretor do serviço de Ortopedia.
"Eu não posso ter ficado mais esclarecido, porque penso que Rui Tato Marinho também não está esclarecido sobre a sua situação, inclusive ontem, publicamente transmitiu que estava à espera de esclarecimentos. O próprio bastonário da OM também não ficou esclarecido", disse Carlos Cortes.
Na segunda-feira, Rui Tato Marinho disse que iria continuar a desempenhar o cargo, desconhecendo que esteja a decorrer um procedimento legal para a sua substituição, depois de na semana passada a administração da unidade de saúde, presidida por Carlos Martins, ter anunciado alterações na sua composição, que passariam pela saída do diretor clínico.
Segundo a ULS Santa Maria, as alterações passariam pela saída da diretora clínica, Eunice Carrapiço, para os cuidados de saúde primários.
Por outro lado, o diretor do serviço de Ortopedia do Hospital Santa Maria demitiu-se, confirmou à Lusa a Federação Nacional dos Médicos (FNAM), que classificou a demissão como "mais um grito de alerta" para o esgotamento dos profissionais do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
O bastonário disse que motivo principal da demissão do diretor do serviço de Ortopedia tem a ver com a "falta de recursos médicos para assegurar o serviço de urgência e a atividade normal".
"Neste momento ainda não sei exatamente o que é que levou efetivamente a essa demissão, porque, em muitos serviços, infelizmente, há uma falta de recursos humanos, há muita falta de médicos em muitos serviços do país. Mas teve de haver, do meu ponto de vista, algo mais para motivar esta demissão. Resta saber se o serviço da ortopedia teve o apoio necessário para poder contratar os médicos que necessitava", realçou.