Manuel Caldeira Cabral, ex-ministro da Economia, sublinhou, esta quinta-feira, que a tragédia do elevador da Glória, em Lisboa, afeta de forma séria a imagem de Portugal como um país seguro.
“Portugal afirma-se como um país seguro, com baixa criminalidade e instituições que fiscalizam e garantem segurança. Acidentes desta natureza põem em causa essa confiança e passam uma imagem negativa para todo o mundo”, afirmou, lembrando que a maioria das vítimas são cidadãos estrangeiros e que, por isso, o caso ganha repercussão internacional.
Soma-se a isso o facto de o acidente ter ocorrido num dos locais que é cartão-postal de Portugal no mundo, o elevador da Glória.
“Este caso afeta um dos ícones que tem sido muito usado na promoção do país. Estes elevadores históricos são uma característica de Lisboa”, continuou.
Em entrevista à SIC Notícias, Manuel Caldeira Cabral reiterou não ser aceitável que, num país desenvolvido, ocorram acidentes por falhas de segurança. Alertou ainda que o custo económico e reputacional é muito maior do que o investimento necessário em manutenção e fiscalização dos equipamentos.
Simulação mostra como pode ter acontecido o descarrilamento do Elevador da Glória
O ex-ministro defendeu ainda os equipamentos, apesar de históricos, devem ter uma modernização que não os descaracterize, mas que garanta um sistema de redundância para que, se falhar um sistema, haja outro de compensação.
Relativamente ao apuramento de responsabilidades, Manuel Caldeira Cabral disse que não se podem aceitar generalizações ao nível do ‘Estas coisas acontecem’, assim como não se podem apontar dedos cedo demais.
“Depois de apuradas responsabilidades, quem falhou deve responder – não apenas politicamente, mas também, se for o caso, criminalmente”, afirmou.
O descarrilamento do Elevador da Glória, um dos principais pontos turísticos de Lisboa, fez 16 mortos e mais de 20 feridos, seis dos quais continuam internados em cuidados intensivos. Entre as vítimas estão cidadãos de, pelo menos, dez nacionalidades.