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Ex-gestores de compras do Pingo Doce suspeitos de receber subornos de empresas

Gestores de compras terão recebido cerca de um milhão e meio de euros para dar preferência nos contratos às empresas que lhes pagavam. A denúncia foi feita pelo próprio Pingo Doce.

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Quatro antigos gestores do Pingo Doce foram acusados pelo Ministério Público de corrupção no sector privado.

Os responsáveis de vários setores de compras dos supermercados, entretanto suspensos pelo Grupo Jerónimo Martins, terão recebido mais de um milhão e meio de euros em subornos para favorecerem empresas específicas nas contratações da cadeia de supermercados.

De acordo com o Jornal de Notícias, o dinheiro era depositado em contas de familiares para disfarçar os movimentos de dinheiro, mas o Ministério Público conseguiu refazer todo o percurso do dinheiro.

No total, estão acusadas 11 pessoas, incluindo familiares, fornecedores e quatro empresas.

O caso partiu de uma queixa do próprio Pingo Doce, que desconfiou de várias operações. De acordo com a acusação, o esquema foi mantido entre 2012 e 2018, ano em que o Grupo Jerónimo Martins começou a desconfiar dos funcionários.

Um dos gestores, responsável pela compra de peixe selvagem, terá exigido pagamentos a três fornecedores em troca de preferência nos contratos, com prejuízo para o Pingo Doce e para a concorrência. Terá recebido cerca de 700 mil euros em seis anos, depositados na conta da mulher.

Outro gestor, responsável pela compra de frutas, legumes, padaria e pastelaria, terá recebido 175 mil euros em subornos para escolher apenas um determinado fornecedor. No dia em que foi detido tinha 83 mil euros em dinheiro em casa. Uma da entregas foi feita num restaurante, numa caixa de fruta com 10 mil euros em notas.

Ao ser suspenso pela Jerónimo Martins, acrescenta o Jornal de Notícias, foi substituído por outro diretor, que manteve o esquema e que também recebeu 300 mil euros do mesmo fornecedor.

O quarto gestor era responsável pela gestão da cadeia na Polónia e terá recebido 130 mil euros. Para além da escolha dos fornecedores que lhe pagavam mais, essas empresas também eram beneficiadas no chamado "rappel", um desconto dado ao cliente sempre que é atingido um determinado valor de compras. O Pingo Doce, em vez de ter descontos, por exemplo, de dois milhões de euros, tinha descontos muito menores.

Quando a Polícia Judiciária fez buscas, encontrou nas casas dos funcionários do Pingo Doce 400 mil euros em dinheiro vivo. Tinham uma vida de luxo, com casas, carros e outros bens, incompatíveis com os salários que recebiam.