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Casal vive em carrinha após ver casa demolida pela Câmara de Oeiras: “Fiquei na rua, grávida de seis meses”

Um casal está a viver numa carrinha sem condições há três meses depois da casa onde viviam, em Tercena, Oeiras, ter sido demolida pela Câmara. O casal assegura que comprou a casa onde viviam, por quase 30 mil euros, ao alegado proprietário. Têm até um Contrato de Promessa Compra e Venda e foram remodelando, durante nove anos, a habitação.

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O casal vive agora numa carrinha estacionada num beco em Algueirão-Mem Martins. Tem sido a única forma de não passarem a noite ao relento.

“Não consigo fazer a minha higiene normal. Chove dentro da carrinha. (...) Podiam ter arranjado uma solução e não arranjaram. Simplesmente deitaram a casa abaixo e eu fiquei na rua, grávida de seis meses”, conta à SIC esta mulher.

O casal assegura que comprou a casa onde vivia, na Avenida Aurora, em Tercena, Oeiras, por quase 30 mil euros, ao alegado proprietário. Têm até um Contrato de Promessa Compra e Venda e foram remodelando, durante nove anos, a habitação.

Acabou demolida pela Câmara.

“A Câmara tomou posse administrativa da casa e demoliu-a. Puseram um edital que seria por queda, mas a minha casa não estava em queda. (...) A única coisa que me deixaram tirar foi a medicação da gravidez. Levaram todas as minhas coisas e se eu fosse buscar tinha que trazer tudo e não tinha sítio onde colocar as coisas.”

Em resposta à SIC, a Câmara de Oeiras justifica o processo de demolições coercivas “por se encontrarem num elevado estado de degradação, sem condições de habitabilidade e sem condições de salubridade e segurança.”

Câmara garante que alojou família num hostel e disponibilizou apoio à renda

Garante ainda que, desde a primeira hora, disponibilizou toda a ajuda necessária a esta família, tendo sido logo alojada no Hostel Social do Município.

A autarquia acrescenta, no entanto, que “a família abdicou voluntariamente deste apoio municipal ao fim de um mês, tendo o Município, ainda assim, disponibilizado apoio financeiro para o pagamento da renda de uma casa, que nunca foi requerido.”

O casal contraria as explicações.

“Dizem que eu saí do hostel porque quis, mas eles nem sequer pagaram o hostel. A mim ninguém me aluga casa. Não tenho fiador, não tenho recibo de vencimento ou se é pelo simples facto de sermos ciganos. Ninguém me aluga uma casa. Já pedi à Câmara para procurar por mim.”

No início deste mês, a família iniciou o processo para o pedido de uma habitação camarária. A três meses de ter o bebé, não conseguiram emprego e continuam sem condições e sem perspetivas para o futuro.