O presidente do PSD defendeu esta segunda-feira que a solução para travar o crescimento dos extremismos não é “absurdos cordões sanitários”, mas “ter o rasgo de fazer diferente” e reformar “sem cobardia nem hipocrisia”.
“A solução está em nós próprios. A solução está em enfrentar a realidade sem cobardia nem hipocrisia. Está em reformar, ou diria melhor, em romper com o que há muito está enquistado e ao serviço de interesses setoriais ou de grupo”, defendeu Rui Rio, naquela que deverá ser a sua última intervenção numa sessão solene do 25 de Abril, já que deixará a liderança do PSD no início de julho.
O presidente do PSD defendeu que o discurso no 25 de Abril deve ser um momento de autocrítica e não apenas de “afirmações laudatórias”.
“Se é justo responsabilizar a política porque ela não tem tido a coragem de fazer as reformas estruturais que o desenvolvimento do país reclama, a verdade é que a maioria do eleitorado também valoriza muito mais a promessa fácil da benesse imediata do que a realização das reformas que preparam o seu futuro”, apontou.
Para Rui Rio, esta contradição “entre a necessidade dos votos para ganhar as eleições e a necessidade de responder à evolução da sociedade” é esta segunda-feira mais evidente e mais preocupante.
“Ela é uma das principais razões para o descrédito em que a vida pública tem caído, porque o eleitorado que hoje escolhe o caminho mais fácil, é o povo que amanhã se queixará da ineficácia da governação que escolheu”, disse, considerando que descontentamento é o principal suporte de novas forças extremistas, “que, com a sua tradicional demagogia, procuram saciar os impulsos emotivos de quem está mais fragilizado”.
Na sua intervenção, Rui Rio elencou algumas das reformas, que enquanto liderou o PSD nos últimos quatro anos foi apontando como urgentes: a alteração do sistema eleitoral; a revisão constitucional; a reforma da Justiça; a descentralização; a lei dos partidos políticos e a sua lógica de funcionamento e até uma reforma do Estado que “fomente a qualidade e a produtividade dos serviços públicos e permita a redução dos impostos”.
“Mas também uma atitude política de firme combate à corrupção e fundamentalmente ao tráfico de influências, de real autonomia face à atual lógica de funcionamento da comunicação social, de renuncia à política-espetáculo e de reforço da verdade e da competência, de coragem para se ser mais forte com os fortes do que com os fracos e, principalmente, de genuinidade e coerência entre as palavras e os atos”, defendeu.
Para Rio, estas mudanças ajudarão “à credibilização da vida pública e ao renascer da esperança” trazido pelo 25 de Abril, “que o tempo e os homens têm deixado enfraquecer”.
“Se queremos um Portugal virado para o futuro, que não se atrasa cada vez mais na escala europeia e que não quer continuar a ver os seus jovens a emigrar, então teremos de ter o rasgo de fazer diferente, atuando coerentemente sobre as verdadeiras causas do nosso problema”, defendeu.
Com LUSA
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