O BE defendeu esta segunda-feira que a revolução do 25 de Abril “não é um património a ser velado com zelo, mas um legado para iluminar as contradições do presente”, considerando que em 2022 falta ainda “quase tudo” a Portugal.
Nas cerimónias dos 48 anos do 25 de Abril, que decorrem na Assembleia da República, o deputado do BE José Soeiro fez um discurso marcado pela defesa dos direitos dos portugueses, alegando que os bloquistas não olham para a “democracia como um protocolo sem conteúdo de igualdade”.
“A Revolução não é um património a ser velado com zelo, mas um legado para iluminar as contradições do presente”, defendeu.
Quase cinco décadas depois da Revolução dos Cravos, o resumo de José Soeiro surge numa linha: “estamos em 2022 e nós não estamos satisfeitos”.
“Nós celebramos termos agora mais tempo de democracia do que de ditadura. Fazemos a festa na rua. Mas nós não queremos ter só mais tempo de democracia, nós queremos ter mais democracia”, afirmou, considerando que a Portugal falta “ainda quase tudo”.
Na análise do deputado do BE, “falta estado social” onde já começou a ser construído, como na saúde, e também “onde não tem existido, como nos cuidados e na habitação”.
“Não nos digam que o debate é entre quem quer simplesmente manter o que existe e quem quer destruir o que existe. Que triste e que pobre visão do mundo a de quem acha que o campo de possíveis da democracia se resume a sermos democratas liberais ou iliberais”, criticou.
Os bloquistas não olham “a democracia como uma herança a ser conservada, mas como uma tarefa para o presente”, considerando que “o futuro não há de ser o passado, nem a perpétua repetição do presente”.
José Soeiro começou a sua intervenção descrevendo o trabalho de “centenas de pessoas nos bastidores da democracia”, cuja ação permitiu que esta sessão acontecesse para que sala estivesse pronta para a solenidade.
“Que atenção temos dado, enquanto sociedade, a todas estas pessoas sem quais o mundo não funciona?”, questionou, defendendo que “a quem faz o país funcionar, a democracia não deve apenas gratidão”, mas sim “reconhecimento e justiça”.
Para o deputado do BE é evidente que “não está tudo bem” e que “é tempo de ouvir todas as pessoas que não estão no retrato emoldurado dos notáveis, que não têm nem terão medalhas nem ruas com o seu nome”, pessoas “que estão no avesso dos lugares, mas sem os quais não existiriam lugares”.
José Soeiro fez neste momento da sua intervenção uma ponte para o livro “Novas Cartas Portuguesas”, que foram “recolhidos e destruídos pela censura” porque para o “fascismo, por mais primaveras marcelistas, era ‘insanavelmente pornográfico e atentatório da moral pública” falar do trabalho das mulheres e da violência contra elas, do colonialismo e da dominação masculina’”.
Acompanhe ao minuto as celebrações do 25 de Abril
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