Juntar o melhor de três mundos e criar ilhas de energia renovável em água doce é a ambição da equipa do Instituto de Ciência e Inovação em Engenharia Mecânica e Engenharia Industrial (INEGI).
Os investigadores reaproveitaram pás de aerogeradores para criar uma plataforma flutuante com painéis fotovoltaicos que poderá ser usada, por exemplo, nas albufeiras das barragens para produzir energia solar.
O objetivo é usar este tipo de plataforma em lagos ou albufeiras. A solução já despertou o interesse de um parceiro alemão, mas Portugal também pode beneficiar sobretudo em anos de seca.
“(…) Assim conseguem associar a energia renovável sem retirar espaço para a agricultura. No Alqueva, em que a seca tem um impacto muito grande, estas estruturas permitem reduzir a percentagem de evaporação nas albufeiras”, explica a coordenadora do INEGI, Andreia Araújo.
O demonstrador à escala real está a ser testado num tanque de ondas da Faculdade de Engenharia do Porto, uma plataforma que permitiu dar uma nova vida às pás retiradas de um parque eólico.
Uma solução para um problema à escala planetária. Só em Portugal, há cerca de 900 pás de aerogeradores que vão atingir o fim de vida nos próximos cinco anos. Mas a reciclagem destes gigantescos componentes das turbinas eólicas é um desafio.
São feitas em vários materiais compósitos e normalmente vão parar ao aterro.
“Não há uma via possível de reciclagem como nas embalagens de plástico. Se pensamos que uma pá de 40 metros pesa 7 toneladas, falamos de uma quantidade astronómica de material que não tem para onde ir”, refere Andreia Araújo.
Podem acabar em águas doces, caso fique provado que esta solução de reaproveitamento das pás eólicas é viável e rentável.