Dois meses depois das eleições legislativas de 30 de janeiro, que resultaram na segunda maioria absoluta do Partido Socialista (PS), o novo (e terceiro) Executivo de António Costa tomou posse esta quarta-feira no Palácio da Ajuda, em Lisboa. A cerimónia durou cerca de uma hora e meia, tendo ficado marcada pelo aviso que o Presidente Marcelo deixou diretamente ao primeiro-ministro. Já o chefe do Governo prometeu um Executivo a “trabalhar sem hesitações contra tormentas e tempestades”. Recorde os momentos que marcaram a cerimónia.
Na Sala dos Embaixadores do Palácio Nacional da Ajuda, o chefe de Estado empossou o primeiro-ministro, depois os 17 ministros e por fim os 38 secretários de Estado do novo Governo. Os membros do XXIII Governo, 56 no total, foram chamados um a um, por ordem hierárquica, para prestar juramento e assinar o auto de posse, processo que durou cerca de 40 minutos.
Seguiram-se depois os discursos, primeiro, do Presidente da República e, depois, do primeiro-ministro. O Presidente Marcelo avisou desde já António Costa que será difícil a sua substituição a meio da legislatura, defendendo que os portugueses “deram a maioria absoluta a um partido, mas também a um homem”.
“Agora que ganhou, e ganhou por quatro anos e meio, tenho a certeza de que vossa excelência sabe que não será politicamente fácil que esse rosto, essa cara que venceu de forma incontestável e notável as eleições possa ser substituída por outra a meio do caminho. Já não era fácil no dia 30 de janeiro, tornou-se ainda mais difícil depois do dia 24 de fevereiro“, avisou.
Este “é o preço das grandes vitórias, inevitavelmente pessoais e intencionalmente personalizadas. E é sobretudo o respeito da vontade inequivocamente expressa pelos portugueses”, acrescentou Marcelo, sublinhando que a maioria absoluta confere ao novo Executivo “condições excecionais para, sem desculpas ou álibis, poder fazer o que tem de ser feito”.
Apesar deste aviso, o chefe de Estado realçou também que em democracia não há lugar para “poder absoluto nem ditadura de maioria”. Ao discurso de Marcelo, seguiu-se o de Costa.
Se a “primeira palavra” de António Costa foi para a equipa que hoje cessou “funções pela determinação com que enfrentou a tormenta”, em seguida o discurso focou-se no futuro garantindo ter “uma coisa por certa”: “Se conseguimos em 2015 recuperar da austeridade e em 2020 responder à pandemia, agora, em 2022, vamos saber enfrentar os impactos da guerra e prosseguir a nossa trajetória de crescimento e desenvolvimento“.
E dirigindo-se ao Presidente, Costa assegurou que “a maioria absoluta que nos foi concedida não significa poder absoluto. Pelo contrário, (…) corresponde a uma responsabilidade absoluta para quem governa.”
Terminados os discursos, seguiram-se os cumprimentos. Recorde abaixo o filme dos acontecimentos da cerimónia de tomada de posse do terceiro Governo de António Costa, à qual só faltou o PCP – ausência habitual que só foi quebrada em 2015, quando o Executivo assinou acordos escritos com os partidos à Esquerda.