As Festas de Lisboa regressam às ruas no final do mês, depois de dois anos de paragem forçada devido à pandemia de covid-19, com as marchas a descer a Avenida da Liberdade na noite do padroeiro da cidade.
O presidente da Câmara de Lisboa disse que a população deve proteger-se contra a covid-19 durante as festas da cidade, salientando, no entanto, que se vive um momento diferente e que, por isso, a cidade deve estar aberta.
Durante a apresentação do programa das Festas de Lisboa, que decorreu na Casa do Concelho de Tomar, Carlos Moedas foi questionado sobre a projeção de 60 mil casos diários no país dentro de duas semanas, tendo sublinhado que foi dado um “salto enorme em termos científicos, com as vacinas”, e que os casos de hoje não são comparáveis com os casos registados em “outras vagas de covid”.
“O covid está a tornar-se endémico mesmo com esse número de casos. Não sou especialista, sou presidente da câmara, mas o que eu digo é que Lisboa tem de estar aberta”, afirmou.
O autarca social-democrata lembrou que “as pessoas devem proteger-se”, salientando, no entanto, que se vive um “momento diferente” daquele que já se viveu no passado.
Nesse sentido, lembrou que se aprendeu com a pandemia que é possível “viver com o vírus”, tendo as pessoas vacinadas.
“Podemos ter uma atividade normal. Para mim, as festas significam voltar a essa normalidade”, sublinhou, acrescentando que a sua função como presidente da câmara “é manter a cidade aberta”.
Depois, referiu, o Estado e o Governo podem “tomar medidas”, que serão “obviamente respeitadas pelo presidente do município”, mas, sublinhou, para a economia da cidade é importante que a mesma se mantenha aberta.
“No ponto em que estamos, naquilo que foi a vacinação, podemos manter essa abertura, do meu lado há essa abertura”, reiterou, lembrando que durante os dois últimos anos “o fecho da cidade teve custos muito grandes do ponto de vista da saúde mental, da vida das pessoas”.
“AINDA NÃO ESTAMOS TOTALMENTE LIVRES DO VÍRUS”
“Ainda não estamos totalmente livres do vírus, mas já é possível voltar à rua, voltar aos encontros presenciais que o digital nunca substitui na totalidade. Voltamos a um mês em que os bairros e casas regionais como esta [Casa do Concelho de Tomar] se abrem àquilo que a cidade tem de melhor: as suas pessoas”, disse a presidente da Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural (EGEAC), Joana Gomes Cardoso.
A responsável falava na apresentação das Festas de Lisboa 2022, que vão decorrer, um pouco por toda a cidade, entre 28 de maio e 30 de junho, com marchas populares, concertos, cinema, teatro, exposições e arraiais.
Joana Gomes Cardoso referiu a “ironia de estar a preparar festas quando não muito longe há civis inocentes que estão a ser alvo de extrema violência, a ter de sair de casa” devido à guerra na Ucrânia, salientando que o sentido que encontrou, depois de dois anos de pandemia e agora uma guerra, é que todos valorizem o facto de se poder já festejar.
“Continuarmos a ser ultrapassados pela realidade, depois da pandemia, temos agora uma guerra na Europa […]. Pela primeira vez, por muita vontade que tivéssemos de festejar, houve este peso” durante a organização das festas, no entanto, permitiu-se chamar a estas festas “uma celebração consciente daquilo que está a acontecer solidarizando-nos com as outras pessoas”, salientou.
Joana Gomes Cardoso sublinhou ainda importância das festas, não apenas na dimensão económica, mas também emocional: “o custo emocional de não ter havido por exemplo marchas populares nos últimos dois anos foi, provavelmente, muito superior ao económico, que houve também e que a câmara apoiou”.
Segundo a responsável, a escolha do local da apresentação das festas prendeu-se com o facto de “reforçar a ideia de que as festas de Lisboa são para todos e todas, não são apenas no centro histórico da cidade, só para lisboetas”.
RANCHOS FOLCLÓRICOS, TUNAS, BOMBOS E FADO
Este ano, as casas regionais da cidade também se juntam ao programa das festas, com ranchos folclóricos, tunas, bombos e fado na Quinta das Conchas, num encontro de dois dias, a 25 e 26 de junho.
Ainda em maio, no último domingo do mês, dia 29, irá decorrer o espetáculo “O que nos une”, com o músico e compositor cabo-verdiano Tito Paris a reunir em palco, nos jardins da Torre de Belém, vozes como as de Cremilda Medina, Joana Amendoeira, Paulo Gonzo e Djodje, num concerto que celebra também os 40 anos de carreira.
MARCHAS POPULARES ESTÃO DE VOLTA
As Marchas Populares também estão de volta, com as primeiras exibições no Altice Arena, nos dias 3, 4 e 5 de junho, a partir das 21:00.
Depois, na noite de Santo António, de 12 para 13 de junho, as marchas voltam a descer a Avenida da Liberdade, a partir das 21:45, num desfile que será encabeçado pela Marcha Popular de Vale do Açor, convidada desta edição, e com a participação, pela primeira vez, da Marcha Infantil das Escolas de Lisboa.
O fado volta também ao Castelo de São Jorge, palco privilegiado de encontros musicais improváveis, com Ricardo Ribeiro a junta-se ao pianista de jazz João Paulo Esteves da Silva (dia 17) e Teresinha Landeiro a interpretar duetos inéditos com os artistas Agir e Mimi Froes (dia 18).
DIA DE PORTUGAL COM DESFILE
No feriado do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, a cidade vai também ser ‘invadida’ por órgãos do corpo humano – como uma mão e um pé, uma boca, um nariz, uma orelha e um olho – que irão circular, entre 9 e 11 de junho, pelos jardins e praças de Lisboa, numa performance protagonizada pela companhia Snuff Puppets, comunidade de artistas de Melbourne.
Fazem parte ainda do programa das festas, a Festa da Diversidade (18 e 19 de junho), o Arraial Lisboa Pride (25 de junho), CineConchas (fins de semana de julho), Bairro em Festa (20 a 26 de junho), entre outras iniciativas.
ENCERRAMENTO NA PRAÇA DO COMÉRCIO
O encerramento será na Praça do Comércio com o concerto “Cheira a Lisboa”, numa homenagem aos 100 anos do Parque Mayer, o berço das Marchas Populares.
Em palco estarão a Orquestra Metropolitana de Lisboa, sob a direção do maestro Cesário Costa, acompanhada por Anabela, FF, Katia Guerreiro, Luís Trigacheiro, Lura e Marco Rodrigues, que vão recriar 22 clássicos da música popular com a ‘roupagem’ dos arranjadores Filipe Raposo, Pedro Moreira e Lino Guerreiro.
CASAMENTOS DE SANTO ANTÓNIO ESTÃO DE VOLTA
Este ano voltam também os Casamentos de Santo António, a 12 de junho, com 16 casais a dar o nó em cerimónias religiosas e civis e a celebração dos Casais de Ouro que se juntaram em 1972.
Com LUSA