O Presidente da República disse compreender a opção do Governo de não mudar o seu programa em função da atual conjuntura, tendo em conta a incerteza quanto à sua duração, e também a perspetiva contrária.
“Eu compreendo as duas perspetivas. Mas eu percebo que o Governo, perante um prazo de dez dias tivesse pensado: O que é que vamos fazer? Vamos manter o programa, para não estar a mexer nele permanentemente, e vamos aditando, como está a fazer a União Europeia, nas medidas”, declarou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas, no NewsMuseum, em Sintra, distrito de Lisboa.
O chefe de Estado, que falava no fim de uma cerimónia de evocação de Zeca Mendonça, histórico assessor de imprensa do PSD, apontou outro motivo para a opção de manter o programa que estava desenhado: “Até porque o Governo está à espera de decisões europeias. E isso falhou, não é falhou, não pôde acontecer a tempo da apresentação do programa e do debate”.
“O próprio primeiro-ministro confessou isso, que está à espera de uma posição conjunta sobre matéria de energia ou sobre matéria de IVA relativamente aos combustíveis”, referiu.
Governo evita “alterar a estratégia”
Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, ao manter o seu programa essencialmente “igual ao programa eleitoral” do PS, o Governo evita “alterar a estratégia” e apenas tem de, paralelamente, ir “tomando as medidas que são necessárias” para responder à atual conjuntura económica e financeira resultante da guerra na Ucrânia e da pandemia de covid-19.
Por sua vez, a oposição entendia que “valia a pena refazer o programa e entregá-lo um pouco mais tarde — e o Governo tinha mais tempo para o entregar, não muito mais, mas são dez dias”.
“São dois pontos de vista diferentes”, acrescentou, “são duas escolhas”.
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