A cerimónia de tomada de posse do novo Governo ficou marcada pelo aviso de Marcelo Rebelo de Sousa a António Costa. Mas, nas entrelinhas dos discursos do Chefe de Estado e do primeiro-ministro, houve ainda pontos importantes que foram alvo de análise por Bernardo Ferrão e José Gomes Ferreira.
José Gomes Ferreira considera que o discurso de António Costa mantém uma formulação igual a que “fez quando apresentou o Orçamento do Estado, quando concorreu a eleições” e critica ainda Marcelo Rebelo de Sousa por não colocar balizas ao novo Executivo.
“O Presidente da República tem uma falha no seu discurso: mais uma vez não definiu um objetivo essencial para a governação nos próximos quatro anos. Devia ter obrigado o primeiro-ministro a apresentar rapidamente um plano estratégico para o crescimento, que voltasse a pôr Portugal entre as 15 primeiras economias medidas em paridade de poder de compra da UE”, afirma o sub-diretor de informação da SIC.
Por outro lado, Bernardo Ferrão, diretor-adjunto, considera que o discurso de Marcelo deixa um “aviso cortante” a António Costa: “Não há uma solução à Durão Barroso e Pedro Santana Lopes” – quando Durão Barroso deixou o cargo de primeiro-ministro para assumir um papel na União Europeia e Pedro Santana Lopes assumiu o lugar.
“Não há uma ida para a Europa e uma sucessão orientada pelo primeiro-ministro, ou seja, António Costa escolher alguém para ficar no seu lugar. Não. Haverá eleições e isso o Presidente da República deixa bem claro”, afirma Bernardo Ferrão, considerando que houve pessoas no PS agradadas com este aviso de Marcelo.
Apesar das reformas que Marcelo Rebelo de Sousa apontou, no seu discurso, como prioritárias, José Gomes Ferreira não acredita que essas reformas venham a ser concretizadas: “Este governo não é reformista nem nunca será”, afirma o jornalista.
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