O discurso de André Ventura, no encerramento do debate do Programa do Governo, foi interrompido por Augusto Santos Silva. Uma interrupção que foi aplaudida pelas bancadas da esquerda à direita, exceto a do Chega.
“Hoje é o dia internacional da comunidade cigana, (…) um dia em que devemos não esquecer as minorias e aquela conversa que nos alimenta a todos há 47 anos e que é fixe para o chá das cinco e que todos gostamos muito de ouvir. O que nós não compreendemos é que a comunidade cigana esteja sempre tão pronta para ser aplaudida por este Parlamento (…) e nunca vemos notícias de que ciganos agrediram bombeiros ou [militares da] GNR. Esta capacidade de dizer que ‘sim’ à comunidade cigana tem que acabar em Portugal“, começou por referir André Ventura.
O deputado do Chega prosseguiu, referindo que “as minorias não devem ser confrontadas por nós mas também não deve ser apaparicadas ao ponto de ignorarem que têm que ter os mesmos deveres que todos os portugueses. (…) Há um paraíso de impunidade que ainda agora na morte de um agente da PSP se fez valer”, disse.
É então que o Presidente do Parlamento interrompe André Ventura com um aviso: “Senhor deputado, permita-me que o interrompa para lhe dizer que não há atribuições coletivas de culpa em Portugal”, sendo aplaudido pelos deputados, à exceção do grupo parlamentar do Chega.
“Portanto, solicito-lhe que continue a sua intervenção (…) respeitando este princípio”, afirmou Santos Silva, deixando André Ventura visivelmente incomodado com a interrupção.
Ao retomar a intervenção, no púlpito do hemiciclo, André Ventura disse não aceitar “que nenhum outro deputado ou presidente da Assembleia limite” a sua intervenção, o que motivou também um aplauso por parte da sua bancada.
“Eu vou continuar a usar a expressão ‘ciganos’ sempre que tiver que usar e o senhor presidente, no seu direito, sancionará quando tiver que sancionar, sabendo que eu nunca deixarei de dizer aquilo em que acredito, em que milhões de portugueses acreditam”, justificou.
Antes, a intervenção do presidente do Chega já tinha motivado comentários audíveis por parte de outras bancadas, quando Ventura disse que “os partidos políticos não pagam IMI” e “os partidos não pagam impostos”.
Depois de ter sido interrompido, André Ventura criticou o Governo por querer “resolver os grandes problemas demográficos” abrindo “as portas para todo o tipo de imigração”.
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