O Hospital de São João, no Porto, pondera adiar até 20% das cirurgias devido à pressão que sente com o aumento de casos de covid-19.
Marta Temido reconheceu os efeitos do aumento do número de casos, nomeadamente no aumento da pressão hospitalar, sobretudo no norte do país, e admitiu o condicionamento da atividade hospitalar programada, o que é “uma grande preocupação”.
“Sabemos que temos que combinar a resposta à covid-19 e aquilo que é também a expectativa social de um funcionamento o mais regular possível com a resposta às outras necessidades assistenciais. E sabemos que temos os nossos serviços sobre uma intensíssima pressão que merece naturalmente a nossa preocupação e o nosso acompanhamento e a nossa tentativa de reforço de mecanismos e por isso mesmo é que é preciso que todos façam a sua parte”, disse.
A decisão vai ser tomada até ao final da semana, mas se o nível três do plano de contingência do Hospital de São João avançar todos os dias podem ser adiadas oito cirurgias, o que corresponde a 20% da atividade programada.
Trata-se de uma possibilidade que está a ser avaliada em resposta ao aumento da pressão no internamento, onde estão cerca de 80 doentes.
O hospital tem mais de 200 profissionais de saúde ausentes, por estarem infetados com a covid-19, numa altura em que a urgência continua a registar uma procura histórica com quase 1.000 doentes por dia e uma taxa de positividade de 50%.
O Hospital de Santa Maria, em Lisboa, atingiu esta semana o pico de atendimentos na urgência, desde o início da pandemia. Na segunda-feira, foram atendidas 800 pessoas.
Perante o aumento de casos, o Hospital Santo António, no Porto, abriu esta quarta-feira uma enfermaria covid-19 e tem uma cama livre nos cuidados intensivos.
Este mês, o Hospital Amadora-Sintra teve uma média diária de 760 casos, mais 100 do que em Abril.
Já no Garcia de Orta, em comparação com o primeiro trimestre do ano, houve um aumento de mais 40 atendimentos por dia.
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