O presidente da Câmara Municipal de Paredes, Alexandre Almeida, recandidato pelo PS, está no centro de uma polémica. Há suspeitas de favorecimento em negócios imobiliários que envolvem a sua empresa. O autarca rejeita qualquer conflito de interesses, mas a oposição exige a sua demissão imediata.
Um dos casos remonta a 2024, ano em que o autarca adquiriu dois apartamentos T3 junto ao Parque da Cidade.
Os imóveis foram comprados por 206 mil euros, um valor considerado abaixo do mercado, a uma empresa do grupo Manuel Caetano.
Através dos documentos a que a SIC teve acesso, foi possível confirmar que Alexandre Almeida vendeu um dos apartamentos por 222 500 euros. Feitas as contas, a operação terá rendido ao autarca mais de 100 mil euros de lucro.
Na investigação avançada pela revista Sábado, é explicado que a compra foi feita antes da obra estar licenciada, sendo que essa aprovação dependia exclusivamente do executivo liderado pelo próprio Alexandre Almeida.
Em resposta à SIC, o executivo refuta as acusações e esclarece que os dois apartamentos foram comprados por contrato de promessa de compra e venda em 2020 e que a venda só ocorreu em 2024, após a conclusão da obra. A autarquia sublinha que, se fossem vendidos hoje, os imóveis poderiam valer mais de 250 mil euros.
Oposição exige demissão imediata
Em comunicado conjunto, as concelhias do PSD e CDS-PP acusam o presidente de mais-valias escandalosas e exigem a sua demissão imediata.
Suspeitas que ficaram mais evidentes quando o autarca decidiu promover alterações ao plano urbanístico para aumentar a capacidade dos edifícios.
Poucos meses depois da aquisição dos apartamentos, a controvérsia intensificou-se com a compra de uma quinta em Gondalães, de 3.000 m², por 400 mil euros, apesar de o valor patrimonial ser de quase 1 milhão de euros.
O autarca de Paredes é sócio da empresa imobiliária Didalma, criada com a ex-mulher, que passou de resultados líquidos de 123 euros em 2022 para cerca de 200 mil no ano passado.
A Câmara Municipal garante à SIC que não existe incompatibilidade, uma vez que o autarca é apenas sócio e não gerente da empresa, justificando, assim, que não há qualquer interferência com as decisões que toma na autarquia.