A Câmara Municipal de Setúbal nunca se opôs a que cidadãos russos recebessem refugiados ucranianos ao serviço da autarquia. Um documento a que a SIC teve acesso revela que competia à autarquia autorizar ou não a seleção de colaboradores para integrar a equipa do SEI, destacados entre a comunidade imigrante.
O documento é assinado por Yulia Kashina, mulher de Igor Khashin, como presidente da Direção da Associação de Imigrantes de Países e Leste. O nome do homem, suspeito de manter fortes ligações ao Kremlin, e fundador da associação, tem ficado sempre de fora das assinaturas firmadas nos vários protocolos de cooperação.
Esta quarta-feira, o Presidente da Câmara de Setúbal, André Martins, recusou fazer comentários na reunião da Assembleia Municipal. Há duas investigações em curso: uma por parte da Inspeção-Geral de Finanças à atuação da autarquia e outra por parte da Comissão Nacional para a Proteção de Dados para saber se houve eventuais violações.
A autarquia assegura que não houve qualquer quebra de sigilo no tratamento de dados recolhidos pela Associação. No protocolo assinado com a Câmara, existe uma cláusula de confidencialidade que obriga a Associação a “tratar e a manter como absolutamente confidenciais todas e quaisquer informações que não sejam de conhecimento público e a que tenham acesso ao abrigo do presente Protocolo”.