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O que preocupa os lesados do BPP? Morte de Rendeiro “não beneficia nem prejudica” quem perdeu dinheiro

Durval Padrão, da Associação de Lesados do BPP, teme que morte de João Rendeiro desvie a atenção da situação dos lesados do BPP, acrescentado que o que os preocupa “prende-se com a comissão liquidatária”.

O que preocupa os lesados do BPP? Morte de Rendeiro “não beneficia nem prejudica” quem perdeu dinheiro

A morte de João Rendeiro extingue os processos-crime de que era acusado, mas os lesados do BPP continuam a ter direito a ser indemnizados.

Durval Padrão, em entrevista à SIC Notícias, explica que os lesados do BBP “não beneficiaram nem ficaram prejudicados com morte de João Rendeiro”, acrescentado que o que os preocupa “prende-se com a comissão liquidatária”.

“Comissão liquidatária tem cerca de 700 milhões de euros, está há cerca de 10 anos a tentar fazer a liquidação do banco, gasta aproximadamente quatro milhões não sabemos em quê, não presta contas e mantém 28 postos trabalho. A nossa preocupação é que a comissão liquidatária para ir buscar ‘alguns trocos’ gasta muito mais em salários e em despesas“, diz Durval Padrão.

Para os lesados do BPP, a morte do ex-banqueiro não altera a situação. Ainda assim, Durval Padrão diz que tem de ser “justo”, explicando que a grande maioria dos clientes do “retorno absoluto” recebeu o dinheiro que tinha em depósitos a prazo.

O colapso do BPP, banco vocacionado para a gestão de fortunas, começou com a crise financeira de 2008 e culminou em 2010, já depois do caso do Banco Português de Negócios (BPN) e antecedendo outros escândalos na banca portuguesa. Apesar da pequena dimensão do banco, a falência do BPP lesou milhares de clientes e causou perdas de centenas de milhões de euros ao Estado, tendo ainda tido importantes repercussões devido a potenciais efeitos de contágio ao restante sistema quando se vivia uma crise financeira.

Rendeiro e outros ex-administradores do BPP foram acusados de crimes económico-financeiros ocorridos entre 2003 e 2008, na sequência de se terem atribuído prémios e apropriado de dinheiro do banco de forma indevida.

O tribunal deu como provado que os arguidos João Rendeiro, Fezas Vital, Paulo Guichard e Fernando Lima retiraram 31,28 milhões de euros para a sua esfera pessoal, dos quais mais de 28 milhões foram retirados entre 2005 e 2008: João Rendeiro retirou do banco para si próprio 13,61 milhões de euros, Salvador Fezas Vital 7,77 milhões de euros, António Paulo Guichard 7,70 milhões de euros e Fernando Lima 2,19 milhões de euros.

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