O Presidente da República assegura que tem mantido contactos com os líderes políticos que podem desbloquear a atual crise. Questionado pelos jornalistas esta tarde, Marcelo Rebelo de Sousa limitou-se a dizer que Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos sabem o que ele pensa sobre a situação.
As movimentações intensificam-se a poucas horas da votação da moção de confiança ao Governo. Enquanto os partidos se preparam para se pronunciar, Marcelo mantém-se nos bastidores, num papel de influência discreta. Em público, prefere aguardar pelos desenvolvimentos, fazendo apenas intervenções para deixar claro que o seu magistério de influência está em funcionamento.
O Presidente esteve hoje presente numa sessão sobre a tentativa de golpe militar de 11 de março de 1975. À época, já era um reconhecido analista político e previu o golpe antes de acontecer, escrevendo sobre o assunto no semanário Expresso. A previsão tornou-se realidade e obrigou o jornal a esclarecer que não tinha qualquer envolvimento nas intenções dos militares leais a Spínola. Para Marcelo, foi uma lição que poderá agora estar a aplicar na gestão desta crise.
A estratégia presidencial nas últimas horas mantém-se reservada aos principais intervenientes. Até à votação da moção, Marcelo parece adotar a máxima de que prognósticos só se fazem no fim — ainda que o desfecho pareça cada vez mais previsível.