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Portugal “não tem falta de médicos”, mas é preciso tornar o SNS mais atrativo através de reformas

O Observatório dos Sistemas de Saúde, no Relatório de Primavera 2022, defende que não basta investimento financeiro e que o SNS precisa de reformas estruturais.

Portugal “não tem falta de médicos”, mas é preciso tornar o SNS mais atrativo através de reformas

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No Relatório de Primavera 2022, o Observatório Português dos Sistemas de Saúde (OPSS) anuncia os maiores desafios do Serviço Nacional de Saúde (SNS), aponta as tentativas de resposta “recentes e ambiciosas” que constam do Estatuto do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), mas insiste na necessidade de definir uma orientação estratégica estrutural para o setor.

O relatório foi apresentado esta terça-feira de manhã e um dos principais pontos abordados foi a produtividade, que tem vindo a diminuir nos últimos anos.

Manuel Lopes, um dos membros do OPSS explicou, em entrevista à SIC Notícias, que a falta de produtividade deve-se sobretudo à centralização das decisões, o que dificulta a gestão dos cuidados.

“Todas as decisões estão dependentes de estruturas centrais, que não permite que a inteligência instalada nos locais se manifeste. (…) Neste momento há uma centralização das decisões que dificulta muito a gestão.”

Outra das conclusões apontadas é que não faltam médicos em Portugal. O que é preciso é tornar o SNS mais atrativo com reformas que mantenham os profissionais nos serviços de saúde do Estado.

No entanto, o Observatório dos Sistemas de Saúde diz que não basta investimento financeiro e que o SNS precisa de reformas estruturais.

“As competências dos profissionais de saúde mudaram e a estrutura das carreiras está assente em competências de há 40 anos. Tudo isto tem de ser repensado estruturalmente, não é conjunturalmente, não é pontualmente. Tem de ser pensado estruturalmente”, afirma Manuel Lopes.

O Observatório dos Sistemas de Saúde defende que esta mudança estrutural, que “o Serviço Nacional de Saúde exige”, não é algo que tenha de ser “abraçado exclusivamente por um setor ou grupo profissional”: é um desafio da sociedade portuguesa, diz Manuel Lopes.