O antigo primeiro-ministro, José Sócrates, foi chamado a tribunal esta quinta-feira para explicar as viagens que tem realizado ao Brasil e que não têm sido comunicadas à Justiça. À juíza terá dado poucos detalhes sobre as deslocações e acusa o Ministério Público de encenação.
“Este interrogatório nada tem a ver com Justiça e apenas tem a ver com abuso e violência e com encenação, considera Sócrates e acusa ainda o Ministério Público de recorrer a “mentirolas ridículas e patéticas”.
José Sócrates não adiantou quantas viagens fez ao Brasil, nem por quanto tempo esteve fora de Portugal, apesar de estar prestes a ser julgado num processo separado do principal da Operação Marquês.
Alega, porém, que esteve no Brasil a fazer um doutoramento, com “obrigações académicas que passavam por um semestre letivo e não há mais nada para saber”.
O advogado de José Sócrates admitiu que o Ministério Público promoveu uma alteração à medidas de coação do ex-primeiro-ministro, mas salientou que a juíza Margarida Alves ainda não emitiu o despacho sobre a questão.
À entrada para o tribunal na companhia do advogado Pedro Delille, o ex-primeiro-ministro criticou também o facto de os tribunais superiores não quererem sortear os juízes, o que já motivou um dos recursos por si apresentados, reiterando também que a escolha do juiz de instrução Carlos Alexandre, há oito anos, foi “falseada”.
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