Ana Gomes em Podcast

Ana Gomes: “A solução terá que passar por EUA e UE darem mensagens muito claras que obriguem Israel a falar com a Autoridade Palestiniana”

“Direito de defesa não é direito de vingança, uma chacina não pode ser limpa com outra chacina”, afirma Ana Gomes sobre o mais recente escalar da tensão entre israelitas e palestinianos na Faixa de Gaza. A comentadora diz que “tem estado bastante preocupada e desapontada com a forma como a União Europeia reagiu” ao conflito. Ouça aqui o comentário em podcast

“O conflito começou há 75 anos e tem na base um problema de direito à autodeterminação de um povo que se sente espoliado dos seus direitos mais básicos”, explica Ana Gomes. No seu habitual espaço na SIC Notícias, a comentadora fala sobre os extremistas de Israel que não querem um Estado da Palestina e sublinha a "prisão a céu aberto que é a Faixa de Gaza", dizendo que os EUA e a Europa foram coniventes com o abandono da causa palestiniana. Segundo a Ana Gomes, é muito possível que exista uma articulação entre Putin e o Irão no atual conflito entre Israel e o Hamas. "Isto arrasou o sentimento de invulnerabilidade dos israelitas e vai causar divisões internas sérias, é um choque brutal de humilhação e de insegurança", diz.

Ana Gomes revela também estar desiludida com a forma como a União Europeia reagiu ao conflito entre Israel e o Hamas: “Há inocentes que estão a ser massacrados e isto tem de ser travado. A comunidade Internacional tem responsabilidades e nós, cidadãos europeus, somos todos responsáveis quando votamos ou não votamos e mandamos para lá idiotas, que é o caso de alguns deles que não percebem e que entram em manifestas contradições. Como é que nós podemos denunciar os crimes sinistros da Rússia na Ucrânia e não ver os crimes de guerra de Israel?”.

“Penso que a solução terá que passar por americanos e europeus darem mensagens muito claras, não só em privado, mas também em público, que responsabilizem Israel e que o obriguem a falar com a Autoridade Palestiniana. Para avançar, desde logo, primeiro com um cessar-fogo, depois apoio humanitário e, depois, o avanço para uma tal solução política”.

“Mário Soares, como presidente da Internacional Socialista, fez esforços extraordinários e foi muito importante e muito prestigiado. Hoje não temos ninguém, nem ao nível europeu, que tenha esse prestígio, mas não podemos desistir. Portugal, por exemplo, em vez de vender passaportes aos israelitas ricos, o que devia era estar neste momento a dizer que dá acolhimento a israelitas ou palestinianos que peçam o estatuto de refugiado no nosso país”.

Oiça aqui o comentário emitido na SIC Notícias na noite de 15 de outubro.

A opinião de Ana Gomes. Ao domingo à noite tem encontro marcado na SIC Notícias para analisar os temas que marcam a semana. Ouça mais episódios:

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