Luís Marques Mendes iniciou o seu habitual comentário, aos domingos no “Jornal da Noite” da SIC Notícias, com o desacordo entre o Sindicato dos Médicos e o Governo. Marques Mendes mostra-se positivo ao acreditar que vai haver acordo em breve, não só por ser urgente na atualidade, como para o futuro do Serviço Nacional de Saúde.
Diz que "o equilíbrio e a moderação vão prevalecer" para resolver a atual crise nas urgências hospitalares e para devolver a atratividade da carreira médica. Segundo o comentador “Portugal tem médicos excelentes, do melhor que há. O problema não está nos médicos" explica que está na remuneração e falta de condições de trabalho que levam os médicos a optar pelo privado ou a abandonar o país.
Sustenta a sua opinião com dados da OCDE que mostram que os médicos e investigadores portugueses são das classes que mais perderam rendimentos, sendo que Portugal ocupa a 3ª posição mais baixa em remunerações comparando com os países que pertencem à OCDE.
Termina o tema ao deixar um apelo ao Governo e sindicatos: “façam um esforço para se entenderem (…) a política é a arte do possível, temos de entrar num clima de moderação e equilíbrio”.
Os lucros dos bancos
Na opinião de Luís Marques Mendes, os lucros apresentados pelos bancos portugueses são “estratosféricos”. Explica que lucros são sempre positivos, mas que tendo em conta a conjuntura atual “é natural que deixe muita gente indignada”.
A razão principal é resultado da subida das taxas de juro por parte do Banco Central Europeu, “mas não é daí que vem a indignação”, prossegue a explicar que deverá ser consequência dos juros dos depósitos a prazo dos particulares e fundamenta ao dizer que ainda hoje Portugal é o 5º país da Zona Euro com juros mais baixos.
Explica que a banca tem vindo a ter o melhor de três mundos: beneficia de altas taxas de juro nos empréstimos que faz, cobra muitas comissões e usufrui das vantagens de pagar juros baixos nos depósitos aos particulares. Defende que “os bancos deviam pensar na sua imagem, reputação e na componente da responsabilidade social" e acrescenta ainda que “o Banco de Portugal podia ter mais firmeza”.
Bons e maus sinais da Economia portuguesa
O comentador da SIC separa a economia portuguesa em bom e mau. Do lado bom, destaca a desaceleração da taxa de inflação.
Por outro lado, o lado mau, fala do PIB que deu um sinal negativo no 3º trimestre ao contrair 0,3%, levando ao risco de Portugal entrar em recessão.
E fala ainda na queda de 8,8% das exportações portuguesas.
O Orçamento do Estado em debate
Luís Marques Mendes considerou o debate na especialidade do Orçamento do Estado para 2024: "politicamente muito pobre”, acrescentando ser de “um país que a nível político não tem ambição”.
Afirmação que exemplifica por se ter “passado mais tempo a falar no passado, sobre Pedro Passos Coelho ou Cavaco Silva”, em vez de se discutir o presente e o futuro do país.
Diz que o primeiro-ministro cometeu um erro ao dizer que o que menos conta na privatização da TAP é o seu valor. "Parece que a TAP está em saldos", declaração que, na sua opinião, será mal vista internacionalmente, especialmente numa altura em que a companhia aérea está a dar lucros.
Destaca ainda aquilo que considera ter sido uma provocação do Governo ao Presidente da República: ter sido o ministro João Galamba a fechar o debate.
Novo aeroporto de Lisboa
Ainda houve tempo para discutir a localização do novo aeroporto de Lisboa, já que este é o mês em que a Comissão Técnica Independente apresenta o seu relatório. Espera que tudo corra bem “mas suspeito que muita coisa possa correr mal”.
Defende que a Comissão Técnica Independente já teve tantas polémicas que acabou por se descredibilizar.
Guerra no Médio Oriente
O último tema a abordar foi a guerra Israel-Hamas. Destaca a sua brutalidade ao compará-la com a guerra na Ucrânia. Segundo a ONU, a guerra da Ucrânia vitimou cerca de 9700 civis em quase dois anos, já a guerra no Médio Oriente, em menos de um mês, já vitimou 10.000 civis, sendo que se espera que comece em breve uma fase mais complexa da guerra.
Acrescentou ainda que a única constatação que gera alguma esperança é o papel moderador dos EUA.
Em Portugal, diz que as declarações do Presidente da República quanto ao conflito “não foram felizes”.