Na sentença pode ler-se: a testemunha M., vizinha do 7º andar, «quando saiu do edifício onde então morava, entre as 9.25 e as 9.35 horas, no hall de entrada do mesmo, ao nível do rés-do-chão, deparou com o arguido, parado a um canto daquele hall com um bebé ao colo. A testemunha saiu do prédio, olhando para trás reparou que o arguido também saiu, dirigindo-se para a casa da ama».
Este relato não reproduz o que foi dito em julgamento como se pode ler no excerto da gravação aqui reproduzido:
- Advogado: Quando chegou cá abaixo estava o Sr. Edgar e mais alguém no hall de entrada do prédio?
- Testemunha: Não. Só reparei o senhor Edgar.
- Advogado: Não reparou se lá estavam os membros do INEM?
- Testemunha: O INEM?
- Advogado : Sim.
- Testemunha: Isso, estavam.
- Advogado: E a polícia também?
- Testemunha: Sim.
- Advogado : E vizinhos?
- Testemunha: Sim.
- Advogado: Então quando chegou cá abaixo estava o Sr. Edgar, membros do INEM que não sabe precisar quantos, polícia também não e alguns vizinhos?
- Testemunha: Sim.
- Advogado: E consegue precisar a que horas viu o Sr. Edgar cá em baixo?
- Testemunha: Umas 9h30 - 9h35. Era a hora mais ou menos que eu costumava sair, para me dirigir para o trabalho.
- (…)
- Juíza:
- E quando a senhora saiu, ele saiu atrás de si? Ou continuou lá no mesmo canto?
- Testemunha: Eu saí e calhou olhar para trás, estava o Sr. Edgar a sair do prédio.
Esta descrição parece incongruente: se o INEM e a polícia estavam no hall do do prédio quando a testemunha M. viu o Edgar, é porque ele já tinha sido detido à porta da ama. Não faz, por isso, sentido que tivesse saído do prédio, dirigindo-se para o lado do estabelecimento “Capas Negras” como refere a sentença.
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