Assalto ao Castelo

A grande ilusão

BPN, BPP, Banif, BES. Há um ponto de ligação entre toda a ruína financeira em que o país mergulhou. Em breve, o jornalista da SIC Pedro Coelho volta a mergulhar no tema. Hoje, antecipamos um pouco do que aí vem e recordamos, para melhor contextualizar, o começo de uma história de fraude, em 2008.

A grande ilusão
© Rafael Marchante / Reuters

Em 2008 assistimos à queda de um banco. Era um pequeno banco. Tão pequeno que passou pelo buraco da agulha do Banco de Portugal. Afinal, o líder era o reputadíssimo José Oliveira Costa, antigo quadro do Banco de Portugal, antigo Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais de Cavaco Silva.

Em 2008, o país foi surpreendido com a nacionalização do Banco Português de Negócios, BPN. O banco das poupanças do, à época, Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, andara a iludir o supervisor com lucros estratosféricos que escondiam prejuízos reais. O supervisor acreditara no conto do vigário. Foi o próprio Vítor Constâncio, então governador do Banco de Portugal, quem acabaria por reconhecer que a instituição tivera dificuldade em desconfiar de um homem que fora seu quadro influente até 1991.

A queda do BPN e os milhões de prejuízo que ela trouxe ao país, foi a primeira de muitas quedas. Em todas – BPP, Banif, BES – se tem questionado o trabalho da supervisão. O Banco de Portugal, a quem o legislador impõe a obrigação de monitorizar a forma como os banqueiros, donos dos bancos, zelam pelo dinheiro que é dos depositantes, cegou ante a queda dos pequenos BPN, BPP e Banif e desse gigante secular da alta finança chamado BES.

O país ainda está, e estará, em processo de nacionalização dos prejuízos dos bancos que ruíram, depois de ter assistido, anos a fio, ao enriquecimento súbito, e depois continuado, dos acionistas. Milhares de lesados, a maioria aforradores de pequena escala, ficaram a olhar para as nuvens vendo as poupanças de uma vida diluídas em produtos financeiros tóxicos.

Portugal pode perder 8 mil milhões de euros com o BPN (mais de metade desse valor já perdeu); perdeu 3 mil milhões com o Banif e emprestou 4 mil milhões ao fundo de resolução para capitalizar o Novo Banco e já não sabe quando e como os irá receber.

O país perdeu tudo isso, nas barbas das autoridades reguladoras – Banco de Portugal e Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

E esse é o ponto de ligação entre toda a ruína financeira em que o país mergulhou: a incapacidade do regulador em antecipar a queda; a forma como o regulador se tem deixado iludir.

Na SIC, chegou o momento de nos voltarmos para o regulador.

Em 2013 analisámos a fundo a escândalo BPN (Grande Reportagem “Fraude”, emitida em 4 episódios). Em 2014 ficámos a conhecer o perfil dos maiores devedores do BPN – os que pediram milhões e que nunca pagaram; os que pediram milhões e que os gastaram; os que pediram milhões, que os gastaram e que continuam pelo mundo, cheios de projetos e ideias (Grande Reportagem “Depois da Fraude”, emitida em 2 episódios). Em 2016 revolvemos o escândalo do Banif e a forma como o fundador criou um império alicerçado nos vazios da alta finança.

No arranque de março emitiremos três episódios sobre o trabalho do Banco de Portugal no caso BES. Um vasto conjunto de revelações que fomos desbravando ao longo de cinco meses.

Antes desse desafio, recuemos. A história começa em 2008, com a nacionalização do BPN. O BPN era um pequeno banco… tão pequeno que passou pelo buraco da agulha do supervisor.

A Fraude

1ª parte: A Linha do Tempo

Esta primeira parte faz um sobrevoo sobre os dez anos de Oliveira e Costa na SLN/BPN, identificando os momentos que criaram lodo nas contas do banco. Um relato histórico detalhado – ano a ano. Como foi possível esconder prejuízos durante uma década?

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2ª parte: Anatomia de um golpe

A Grande Reportagem fecha o ângulo na fraude e explica a forma como o dinheiro dos depositantes serviu para financiar negócios ruinosos e alimentar empréstimos, sem garantias, a figuras próximas da administração da SLN.

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3ª Parte: No rasto do dinheiro

Tentamos perceber se a verba que anda perdida na centena de offshores criadas pela gestão de Oliveira Costa pode, ou não, ser recuperada. Estamos a falar de uma parcela gigantesca, na ordem dos 700 milhões de euros.

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4ª parte: Caixa Negra

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Depois da Fraude

1ª Parte: A Herança

A Parvalorem gere uma carteira de dividas de 4,5 mil milhões de euros. Contudo, gere igualmente os 300 funcionários do BPN que ainda resistem e que não foram contratados pelo BIC quando o banco angolano comprou o BPN. A Grande Reportagem mostra-lhe uma empresa doente, que esteve parada, literalmente, durante dois anos.

Arquivo SIC
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2ª Parte: A Cobrança

Depois da Fraude, a Cobrança. Revelamos onde foi gasto o dinheiro que saiu dos cofres do BPN e que hoje alimenta o buraco do banco de Oliveira Costa.

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