Exótica, tradicional, proveniente do Atlântico e da floresta, a cozinha madeirense destaca-se pelos costumes rurais ainda presentes, que imprimem uma marca genuína a cada petisco. O Bolo do caco, servido com manteiga de alho e salsa, é companhia assídua em festas populares, restaurantes, tasquinhas e nas vendas, onde a poncha é que marca o ritmo. Sirva--se de Lapas grelhadas, Caramujos, Cracas e Castanhetas, prove a Sopa de tomate e cebola e a Açorda, ambas encimadas por ovo escalfado. Companhia habitual da petiscada é também o Milho frito, em cubos. Bom apetite!
Castanhetas
A crocância deve-se à fritura em óleo bem quente, depois de terem sido escamadas e temperadas com sal e alho. São um autêntico deleite para o palato e o sabor ganha ainda mais intensidade e interesse sob a influência derradeira do sumo de limão. Abundantes na orla marítima da Madeira, Açores e Canárias, estes peixinhos são um petisco popular nas mesas madeirenses e podem ser acompanhados por uma salada ou o que a vontade ditar. O Restaurante Bar Amarelo, em Machico, é uma das casas onde as castanhetas recebem bom trato, merecendo até uma escultura no interior.
Lapas
Estes moluscos têm uma concha em forma de cone achatado e alojam-se em rochedos costeiros. A carne da lapa brava é amarelada e a da lapa mansa acizentada. Consomem-se, sobretudo, depois de passarem pela grelha, embora também resultem bem em arrozes. Podem abrir uma refeição, graças ao vincado sabor a mar, ou servir de condutor a uma tarde de veraneio despreocupada. Alho, manteiga e a frescura do sumo de limão apuram o tempero até à chegada triunfal à mesa ainda a fumegar. Na Zona Velha do Funchal fica uma das muitas paragens para as saborear, a Taberna Ruel.
Caramujos
Em terra apanham-se caracóis e no mar os caramujos, moluscos que também são conhecidos como burriés, borrelhos ou burgaus. São bastante requisitados na Madeira, enriquecendo o menu de entradas em estabelecimentos afamados, como a Marisqueira O Barqueiro, no Funchal. A qualidade do produto é preservada pela preparação simples, em respeito pela natureza da proteína: os caramujos são cozidos com água, sal e alho e regados com sumo de limão. Depois, pega-se nos alfinetes e retira-se a carne do interior da concha, a bom ritmo e em modo viciante.
Gaiado seco
De corpo robusto, dorso azul-escuro e ventre prateado, o gaiado é uma espécie de atum e representa parte da memória insular, em especial em vilas piscatórias como o Caniçal ou Câmara de Lobos. Depois de pescado, pode servir-se fresco, cozido ou seco ao sol, escalado e salgado. Do gaiado seco pode resultar um escabeche: o peixe demolha, coze, é despinhado e às lascas adicionam-se ingredientes como azeite, vinagre, cebola, alho, malagueta e salsa. Santuários de petiscos marítimos, como a Tasquinha do Pescador, em Machico, são apostas seguras para saborear Gaiado seco.
Ovas de espada
Das águas frias oceânicas vem o peixe-espada preto, verdadeiro ícone da boa mesa madeirense. Serve-se, por norma, frito e na companhia de banana, mas a valia desta espécie, capturada pela comunidade piscatória local, vai muito além desse prato composto. Cozidas ou fritas e servidas com molho avinagrado e salsa, as Ovas de espada são um dos petiscos mais saborosos deste roteiro, tanto que já foram consideradas como “o melhor caviar” do Atlântico. Vale a pena, por isso, visitar locais como o Muralha’s Bar, em Machico, para provar sem pressas este petisco.