Essencial

"A boca que pronunciava as bênçãos, era a mesma que me beijava": o relato de uma vítima

António Grosso relata os momentos que não esquece e os sentimentos que não consegue afastar. No programa "Essencial", a vítima descreve a força que tem recebido da família, principalmente da sua filha, que lhe escreveu uma carta comovente.

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O programa "Essencial" abriu as portas às vitimas de abusos sexuais por parte de membros da Igreja, para contarem as suas histórias. António Grosso é um homem que sofreu de abusos sexuais quando era menor e, agora com 70 anos, volta a partilhar esses momentos que nunca se esquecem e relata os sentimentos e as sensações que ainda hoje sente.

Uma das sensações que não consegue abalar é a raiva que tem perante os padres abusadores, que na altura eram inclusive considerados "dignos e responsáveis".

"O padre que me metia a língua pela boca adentro e outros abusos no seminário de Santarém era o mesmo padre e as mesmas mãos que abençoavam os fiéis nas missas de domingo, realizadas na Igreja dos Mártires no Chiado, nos anos 60".

“Aquela boca que pronunciava as bênçãos aos fiéis, era a mesma boca que me abraçava e me beijava”, acrescenta António Grosso.

A vítima realça ainda que é importante que as pessoas conheçam os casos concretos, "é preciso contar que o frade, enquanto uma criança de 10 anos dormia profundamente se masturbava no meio das minhas pernas".

Na altura em que o caso de António Grosso foi divulgado na revista Visão em 2002, a filha mais velha teve uma reação “muito amorosa e de uma compreensão absoluta”, relata António.

António leu a carta durante o programa e não conseguiu esconder as emoções.