O número de vítimas de burlas informáticas continua a aumentar. Em 2023, a GNR e a PSP contabilizaram perto de 20 mil denúncias. Só nos primeiros quatro meses deste ano os casos reportados às autoridades ultrapassam os 6.500.
Ao telemóvel de Bernardo Almeida, criador de conteúdos na internet sobre as últimas novidades da tecnologia, chegou um telefonema, supostamente de uma funcionária do banco do qual é cliente, a alertar para uma possível fraude.
"Ela disse que tinha detetado um movimento estranho na Covilhã e como a minha conta era de Lisboa queria confirmar comigo. Disse-me: ‘Nós estranhámos e bloqueámos aqui temporariamente esta transferência para saber se ela deve ser feita ou não’”, conta Bernardo.
Mas Bernardo não estava a tentar fazer transferência nenhuma e quem lhe estava a ligar também não era o seu banco, apesar de o número ser o mesmo.
Situação semelhante aconteceu com Olinda Monteiro, quando atendeu uma chamada do número do banco onde tem conta.
"Estava a haver duas tentativas de movimentos anormais no meu cartão, questionaram se realmente era eu que estava a fazer, eu confirmei que não e quem me ligou disse ‘vamos cancelar já esta movimentação e a seguir cancelamos o cartão por uma questão de segurança e depois enviamos-lhe um novo’", conta Olinda à SIC.
Mas não só o cartão não foi cancelado como lhe desapareceram cerca de quatro mil euros. A cliente deu dados que permitiram aos burlões ter acesso à conta, ao acreditar que era mesmo o seu banco a tentar resolver-lhe um problema. Até porque o número de telefone correspondia ao da entidade bancária.
A Polícia Judiciária deixa o alerta: é possível alguém fazer uma chamada utilizando o número de terceiros.
“As pessoas não estão a interagir com o banco, mas estão a interagir com com um elemento da atividade criminosa. E em vez de estarmos a anular uma transferência, estamos, afinal, a validar aquela transferência criminosa”, explica Carlos Cabreira da PJ.