Futuro Hoje

Jovens e já astronautas por um dia

Não é dos diplomas de “astronautas por um dia" que se vão lembrar para toda a vida, é da indescritível sensação de não ter peso, de estar em gravidade zero, ou com mais rigor em microgravidade.

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De mais de 650 candidaturas foram escolhidos 30 jovens para a experiência numa iniciativa da Agência Espacial Portuguesa. Passaram por vários testes ao longo de meses, e serem escolhidos deu direito a 4 dias de ciência, mas também de contacto com a via militar e até tiveram direito a aulas de comunicação.

O dia mais desejado chega com a subida ao Airbus da Novespace, uma plataforma para experiências científicas em microgravidade. Desta vez, não vai levar cientistas com os seus instrumentos, mas sim 40 pessoas - entre tripulação, monitores que garantem a segurança, professores e médicos -, para levar os 30 jovens a sentirem o que muito poucos humanos conhecem.

Numa complexa manobra, são precisos três pilotos a trabalhar os 3 eixos em que se move o aparelho, o avião vai descrever 15 parábolas em cerca de uma hora, com descansos de minutos entre cada uma.

Logo na primeira, o grupo sente os corpos extremamente leves, gera-se no interior do avião a gravidade de Marte, 38% da da Terra. Depois mais duas parábolas com a gravidade da Lua só para habituar, e finalmente todas as outras naquilo a que podemos chamar gravidade zero. É muito difícil controlar os nossos movimentos, mexer o corpo como se estivéssemos a nada não serve de nada mas um pequeno impulso contra uma parede leva-nos rapidamente até à parede oposta. A água não cai, todos os objetos deixam simplesmente de ter peso no espaço interior do A310.

É o tipo de experiência que pode definir uma carreira, a dos que lá estão e até de outros. Estes 30 jovens vão agora ser embaixadores da Agência Espacial Portuguesa, e vão contaminar colegas amigos e outros jovens com o seu entusiasmo pelo Espaço e, de uma forma geral, por tudo o que é Ciência.

Desta vez o Futuro Hoje, serviu para testemunhar e divulgar a experiência destes jovens com a Agência Espacial Portuguesa, mas vou confessar que serviu também para cumprir um sonho de vida.

É provavelmente o mais próximo que poderei estar de ir mesmo lá acima. Quem sabe um destes jovens, ou alguém influenciado por eles, venha a ser o primeiro astronauta português. Mas isso talvez nem seja o mais importante.

Portugal não tem foguetões e naves espaciais, mas tem já uma indústria espacial ativa, com cientistas de muitos campos a contribuir para vários projetos, quer da NASA quer da ESA.

E como dizia o Hugo Costa da Agência Espacial, depois do voo ali trabalham não só engenheiros, mas também advogados, geólogos e até biólogos marinhos. A agência e a ciência do espaço precisa de todas as áreas, até mesmo da arte, para avançar - digo eu - ou até de profissões que talvez venham a ser criadas por jovens como estes.

Não podemos descrever de forma adequada o impacto que uma experiência assim pode ter. Nas reportagens do Futuro Hoje, as imagens dizem muito do que lá se passou.