Grande Reportagem SIC

Testa de Ferro: “A Dívida de Vieira”

O terceiro episódio na íntegra da Grande Reportagem.

Testa de Ferro: “A Dívida de Vieira”

Luís Filipe Vieira deve quase 500 milhões de euros ao Novo Banco. Menos de metade dessa dívida foi integrada num fundo de recuperação – o FIAE – gerido por uma sociedade, a C2 Capital Parteners, liderada por um grande amigo do ex-presidente do Benfica.

Numa longa investigação, que começou em maio de 2021, a SIC, em colaboração com o jornal digital setenta e quatro, mostra-lhe como cresceu essa dívida e os esforços que não foram feitos para que ela fosse cobrada.

Tudo isto seria mais uma história de um grande devedor português se uma parte daquilo que Vieira nunca pagou não tivesse de ser paga por todos nós. E foi.

Nesta segunda série viajamos até ao Brasil para conhecermos os investimentos que a Promovalor, grupo imobiliário de Luís Filipe Vieira, plantou na exclusiva Reserva do Paiva – no Recife – e as manobras que o empresário fez para desenvolver, no Rio de Janeiro, um projeto que tinha começado torto. Fixamo-nos, igualmente, em Moçambique onde tudo o que poderia ter corrido mal, correu e revelamos-lhe um negócio intrincado, onde Luís Filipe e o filho, Tiago, foram parceiros silenciosos numa sociedade liderada por antigos quadros da ESCOM. A ESCOM é um dos universos mais obscuros do império de Ricardo Salgado.

No primeiro de dois episódios, “A Dívida de Vieira”, instalamo-nos na Reserva do Paiva, onde o dinheiro do BES deveria ter dado para construir “milhares de metros quadrados” em parceria com a Odebrecht – construtora brasileira envolvida na operação “Lava Jato” – e a família Brennand, um dos grupos empresariais mais poderoso do nordeste brasileiro. A utopia dos milhares de metros quadrados desfez-se e resume-se a um hotel de cinco estrelas, fechado desde 2020 e que foi deficitário durante os seis anos em que esteve aberto. O sonho de Vieira, de internacionalizar a promoção imobiliária com dinheiro do BES, gerou um prejuízo líquido ao Novo Banco superior a 130 milhões de euros. O ex-presidente do Benfica, como sempre, escapou às perdas.

Neste episódio conhecemos, igualmente, os ativos da Promovalor em Portugal, que estão a ser geridos pela tal sociedade liderada pelo amigo de Luís Filipe Vieira, Nuno Gaioso Ribeiro. Uma vez mais, dificilmente essa gestão poderia apresentar piores resultados.

No segundo episódio desta segunda série do “Testa de Ferro”, “Camarote Presidencial”, estaremos no Brasil, no Rio de Janeiro, e em Moçambique.

No Rio de Janeiro, Vieira, respondendo a um pedido de Ricardo Salgado, usou uma empresa em seu nome, a Imosteps, para embarcar numa aventura que gerou um prejuízo líquido para os contribuintes portugueses de quase 50 milhões de euros.

Este negócio, da Imosteps, é aquele que, de forma mais transparente, coloca Vieira no papel de testa de ferro de Ricardo Salgado. O ex-presidente do Sport Lisboa e Benfica assumiu isso mesmo na Comissão Parlamentar de Inquérito às perdas do Novo Banco: “resolvi um problema a Ricardo Salgado, nunca pensei que o BES caísse”, admitiu perante os deputados.

Vieira foi compensado por esse favor; nunca perdeu um cêntimo e a dívida gerada, quase 85 milhões de euros, acabou por ser paga, na sua maior parte, pelos portugueses.

Entre cemitérios e um terreno em reserva natural, este negócio da Imosteps é aquele que reflete toda a teia de influências que o presidente do Benfica teceu no longo reinado de 17 anos na liderança do clube.

Ficha técnica:

  • Jornalista – Pedro Coelho, com Filipe Teles (setenta e quatro);
  • Imagem – João Venda;
  • Edição de Imagem – Andrés Gutierrez;
  • Grafismo – Sérgio Maduro;
  • Produção – Diana Matias com Maria Rodrigues e Rita Murtinho (NOVA FCSH) e Pedro Sousa Coelho (NOVA SBE);
  • Imagens de Drone – 4KFly (Portugal), Leandro Araújo (Rio de Janeiro) e Sanderland Costa (Reserva do Paiva);
  • Coordenação – Jorge Araújo;
  • Direção – Ricardo Costa.

Veja aqui os dois primeiros episódios de “Testa de Ferro”