Maria da Graça Carvalho foi a convidada de José Gomes Ferreira no Negócios da Semana. Na entrevista exclusiva, a ministra do Ambiente e Energia garante que Portugal já tirou ilações do apagão ibérico, que aconteceu há um mês. Deixou ainda em aberto a possibilidade de integrar o novo Governo.
"Estamos a acelerar algo que já estávamos a fazer: um plano nacional de armazenamento. Já tínhamos lançado um concurso de baterias para o sistema. (...) É importante ter mais armazenamento e é importante, ao mesmo tempo, melhorar as nossas condições de rede", refere, acrescentando que, mesmo assim, a rede portuguesa é melhor do que a de Espanha.
Na entrevista, a ministra admite que está a ser pedida a intervenção à União Europeia para melhorar a ligação da rede ibérica com o resto da Europa.
No dia em que a REN entregou ao regulador da energia o relatório sobre as causas do apagão, Graça Carvalho explica que era praticamente impossível, "fosse qual fosse o mix energético", ter travado a falha que atingiu a Península Ibérica, com origem em Espanha. "É sempre importante ter um mix energético e fontes intermitentes e não intermitentes", aponta.
Ainda na sequência do apagão, o Governo decidiu alargar para quatro o número de centrais com capacidade 'black-start', ou seja, capacidade de arrancar de forma autónoma. Esta noite, Maria da Graça Carvalho revela que, para além de Castelo de Bode e da Tapada do Outeiro, as centrais do Baixo Sabor e do Alqueva vão passar a ter este sistema de arranque. No dia do apagão, a central de Castelo de Bode foi a primeira a arrancar, mas precisou de ajuda de um gerador de um empresário da região. A ministra não fecha a porta à aplicação de multas pela falha no sistema.
Relativamente aos preços da eletricidade, que se têm mantido altos apesar da aposta nas renováveis, a ministra explica que, nos próximos anos, o preço da eletricidade vai começar a baixar, sucessivamente. Diz ainda que o Governo criou a Agência para o Clima, que irá gerir de forma independente o Fundo Ambiental, e que ficará responsável por desburocratizar processos e garantir a gestão de matérias como os passes e os apoios à eficiência ambiental.