Francisco Louçã está convicto de que não haverá oportunidade de discussão de um segundo Orçamento do Estado para 2022, acusa António Costa de desejar o atual momento político e explica que a Assembleia da República, independentemente da dissolução, poderá continuar com os trabalhos em muitas áreas, como o aumento do salário mínimo.
Costa quis, o Parlamento deu
O comentador da SIC Notícias refere que nada obriga a que o Presidente da República dissolva o Parlamento, contudo, admite a certeza de que o fará, depois de o dizer publicamente.
Louçã acrescenta que esta possibilidade "era o que o Governo queria", acusando o Executivo de António de preparar esta jogada "desde 2019, quando não conseguiu a maioria absoluta".
Sobre a data de umas possíveis eleições, duvida que seja no início de janeiro, ou no fim de fevereiro "como Paulo Rangel deseja".
Francisco Louçã explica que a Assembleia da República "continua com o mesmos poderes até ser dissolvida", podendo legislar sobre os dois temas principais atualmente em debate: a eutanásia e alterações no combate à corrupção.
Acrescenta que o Governo tem "toda a capacidade e até a obrigação" de aumentar o salário mínimo nacional, independentemente da dissolução parlamentar, podendo, também, tratar do aumento das pensões - previsto para o verão -, do aumento salarial na função pública - porque os duodécimos assim o permitem - e da gestão do PRR, sem limitações.
Uma direita "crispada"
O comentador começa por antecipar as eleições antecipadas, destacando que "à Direita tem-se agravado, extraordinariamente, a crispação interna".
"Achei que Rangel poderia partir com alguma vantagem, Rio parece confirmá-lo ao pedir o adiamento do congresso, prova de fraqueza", acrescenta.
Louçã refere que, por um lado, Rui Rio aceita uma coligação à Direita, mas não espera tanto o mesmo de Paulo Rangel, "pela sua estratégia agressiva".
Já relativamente ao CDS-PP, "pensava que Francisco Rodrigues dos Santos estava com vantagem sobre Nuno Melo, mas ao querer adiar o congresso, significa que também está em posição de fraqueza", contudo, deixa uma nota:
"Os dois, sem uma aliança com Rui Rio, veem o partido desaparecer."
Para Francisco Louçã, foi o PS que provocou este contexto, criando uma crise orçamental "por querer maioria absoluta", tratando-se estas eleições de um "plebiscito a António Costa".
Refere o comentador que uma possível maioria absoluta socialista levaria a uma "fase de Cavaco Silva" para António Costa, mas aponta que, em tal plebiscito, existe muito perigo.
"Ou se ganha tudo, com uma maioria absoluta socialista, ou se perde tudo, pois, depois de romper com a Esquerda, torna-se muito difícil" voltar a acordos, refere.
Aponta Louçã que "as pessoas não querem maiorias absolutas", dando os exemplos de Aníbal Cavaco Silva, José Sócrates ou Pedro Passos Coelho, considerando que tais maiorias se tratam de "máquinas de clientelas e corrompimento do sistema político.
Acusa o Governo de "fingimento" ao dizer que queria negociar com o Bloco de Esquerda, mas considera que António Costa queria contactar com o PCP para "o continuar a deixar preso".
"Mas não deu, porque não foram cumpridas promessas anteriores e porque, agora, o PCP fez exigências muito mais fortes", explica.
Continua o comentador apontando que "António Costa só tem a agradecer a Catarina Martins e Jerónimo de Sousa porque foi graças a eles que foi primeiro-ministro".
Francisco Louçã deixa um alerta à saída de 200 profissionais do IPO nos últimos meses.
Sobre a possibilidade de Marcelo Rebelo de Sousa permitir a apresentação de um segundo Orçamento do Estado, a resposta de Louçã é direta: "nenhuma!".
Considera, ainda, "impressionante o encontro do Presidente da República com Paulo Rangel, mas duvida que "aceite a data sugerida pelo candidato ao PSD" - que pretende eleições mais tarde.
Assim, Louçã termina referindo que aponta a realização das eleições para final de janeiro ou início de fevereiro.
Investimento público e SNS em queda
O comentador refere que o investimento público tem vindo a decrescer nos últimos anos, à exceção de 2010 e do atual ano, neste último caso devido ao PRR, que poderá fazer os valores subirem para os 3,2% do PIB, metade da média histórica portuguesa.
Louçã refere que, com o PRR, entrará muito mais dinheiro comunitário, ao mesmo tempo que se assiste a um investimento público "medíocre".
O comentador refere-se à gestão do investimento público por parte do Governo como um "desastre" e aponta a organização financeira como "contas totalmente erradas e não certas".
Francisco Louçã aponta, igualmente, a redução mensal a que se assiste no número de médicos do SNS.
Um planeta que aquece mais rápido que as lutas à Direita
Com a COP26 a realizar-se até ao dia 12 de novembro, o comentador explica que as medidas atuais de combate às alterações climáticas não são suficientes para os objetivos de salvação do planeta.
Filmes e Teatro
Como sugestões de cultura para esta semana, Francisco Louçã recomenda o visionamento de dois documentários portugueses: "Alcindo", de Miguel Dores, e "Nada Pode Ficar", de Maria João Guardão, ambos em exibição no IndieLisboa.
Do grande ecrã para o palco, o comentador sugere a peça de teatro "Juventude Inquieta", de Joana Craveiro, em exibição no Teatro do Vestido.
"Momento Zen"
Em causa, está o momento em que Bolsonaro foi questionado se, face ao enorme número de mortos e infetados por covid-19 no Brasil, continuaria a apelar ao uso de hidroxicloroquina para o tratamento da doença.
O presidente do Brasil está indiciado por vários crimes relativos à gestão da pandemia, às vacinas e à corrupção, juntamente com alguns dos seus filhos.