Repórteres do Mundo

Na rota do terror, o desafio ou a loucura de um professor e uma viagem até à melhor praia do Pacífico

Uma rara entrevista exclusiva a dois guerrilheiros do Estado Islâmico revela a organização interna do grupo terrorista em África. Uma parceria com uma associação que recolhe animais abandonados está a mudar a vida de muitos idosos nos Estados Unidos. E a melhor praia do Pacífico. Estes são alguns dos destaques do Repórteres do Mundo.

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Dois militantes do grupo terrorista Estado Islâmico foram apresentados sob forte vigilância a uma equipa de reportagem, num dos acessos mais raros à realidade interna da organização em África. Ambos estão detidos em Puntland, região semi-autónoma no norte da Somália, onde o grupo tem vindo a conquistar território e a impor o seu domínio sobre comunidades locais.

Muthar Hamid Qaayid, de 24 anos, oriundo do Iémen, está no corredor da morte e aguarda execução por fuzilamento. É acusado de ser comandante do Estado Islâmico, franco-atirador e membro de uma célula de bombistas suicidas. Apesar da pena, mostra-se indiferente ao destino que o espera.

"Mesmo que me executem agora, não me arrependo de nada."

Qaayid nega ter acionado explosivos, mas as autoridades garantem que foi encontrado com equipamento de fabrico de bombas e ferido após uma explosão em Bosaso. O seu parceiro detonou-se prematuramente ao ser descoberto durante a colocação de um engenho explosivo.

O segundo detido, Usman Bukukar Bin Fuad, de Marrocos, diz ter sido enganado pelo grupo. Acreditava que iria trabalhar e ganhar dinheiro, mas acabou a escavar cavernas. Recusou vestir um colete suicida e afirma nunca ter participado em combates, embora as autoridades contestem essa versão.

Ambos confirmam que o líder do Estado Islâmico na Somália, Abdul Qadir Mumin, continua ativo e visita regularmente os campos para motivar os combatentes com promessas de entrada no paraíso.

Usman Bukukar Bin Fuad conta que conheceu recrutas de países como Tunísia, Líbia, Tanzânia, Quénia, Turquia, Argentina, Bangladesh, Suécia e Iraque.

"O plano era começar por esta região e depois conquistar o mundo."

As autoridades somalis e norte-americanas acreditam que o ISIS está a operar o seu quartel-general global a partir das cavernas de Puntland e a financiar atividades terroristas em várias partes do mundo. Foram encontrados passaportes de famílias inteiras oriundas da África do Sul, Alemanha, Venezuela, Arábia Saudita e Bahrain, além de documentos europeus de identidade.

Desde o início da ofensiva militar em dezembro, foram mortos cerca de 600 combatentes do Estado Islâmico, apenas cinco eram somalis.

As revelações dos detidos reforçam a ideia de que a Somália é apenas o início de um problema global. O Estado Islâmico continua a recrutar, movimentar combatentes e espalhar o terror, com Puntland como epicentro silencioso de uma rede internacional.

E se só comêssemos o que encontramos na rua? Desafio ou loucura?

Sem supermercado, sem café, sem padaria, durante três meses, Daan Timmers, de Amesterdão, embarcou numa experiência radical: alimentar-se exclusivamente de comida selvagem. O desafio fez parte de um projeto internacional e levou-a a redescobrir a cidade, mais perto da natureza.

Daan Timmers explora todos os espaços verdes de Amesterdão, sejam jardins ou canteiros, à procura das refeições do dia. Nos últimos três meses recolheu plantas, sementes e frutos diretamente de espaços urbanos. Até em terrenos abandonados, encontrou ingredientes surpreendentes.

"Pareceu-me uma aventura divertida. Dou aulas sobre a reconexão com a natureza, por isso quis viver na pele aquilo que ensino."

Fez crackers com sementes e uma dieta que não foi apenas vegetal. Daan Timmers também consumiu carne de animais selvagens, incluindo alguns encontrados mortos na estrada.

"Cozinhei gansos, troquei um veado com um caçador, comi mergulhão-de-garganta-vermelha. Encontrei um texugo na berma da estrada. Tudo o que ainda estiver bom, como."

A prática tem restrições legais nos Países Baixos, mas para Daan o bom-senso e o conhecimento são o mais importante para quem quiser seguir esta filosofia.

“Se usares os teus sentidos, consegues perceber se está fresco. É preciso algum conhecimento, mas é mais fácil do que parece.”

Cães transformam vidas em lares de idosos

Todos os meses, Humphrey e Tenley visitam os residentes de vários lares de idosos. O projeto junta uma associação que recebe animais abandonados e os responsáveis pelo bem-estar dos mais velhos. A parceria nos Estados Unidos é responsável por muitos momentos comoventes e transformadores.

Não são apenas uma presença adorável. São cães que aprendem tarefas práticas como colocar meias em cestos ou ligar interruptores, tudo com a ajuda dos residentes. A voluntária Susan Smith, que já dependeu de uma cadeira de rodas, é hoje mais independente por causa de Humphrey, um cão de assistência.

"Vamos a concertos juntos. Ele guia-me com segurança pela multidão. É algo maravilhoso."

Enquanto Humphrey já é um cão de assistência certificado, Tenley está em formação para apoiar pessoas com deficiência ou veteranos com stress pós-traumático. Os lares English Rose oferecem o ambiente ideal para treinar os animais em cenários reais, com sons, alarmes e interações humanas.

Nos lares especializados em doentes com demência, os cães ajudam os residentes a abrir-se emocionalmente.

"Humphrey aproxima-se e eles começam a falar com ele. A partir daí, consigo continuar a conversa e explorar memórias antigas."

Enquanto os residentes sentem que estão a contribuir para a formação dos cães, os animais ganham competências essenciais para o futuro "trabalho" de assistência.

“É enriquecedor para todos. Uma verdadeira situação em que todos ganham.”

Sabe que país tem de visitar para conhecer a melhor praia do Pacífico?

A areia é branca e água turquesa. Fica num parque nacional, onde a natureza é protegida. Tem trilhos para os mais aventureiros e miradouros para os que gostam de fotografias dignas de um prémio. Com alguma sorte, um dia na praia pode ainda ficar marcado pelo avistamento de baleias. A fauna e flora locais completam o cenário paradisíaco e reforçam o valor ecológico da praia.

Os guardas controlam o número de visitantes e garantem o cumprimento das regras: é proibido levar animais de estimação ou alimentos preparados. Quem visita esta praia só pode levar água e fruta.

"Estas são as regras, os visitantes têm de se lembrar que estão a entrar num Parque Nacional".

O Parque Nacional Machalilla fica na província de Manabí, no Equador. Los Frailes é a única praia pública dentro do parque e tem acesso gratuito a trilhos e miradouros. Entre junho e outubro, é possível observar baleias-jubarte, nas águas turquesa, junto à praia. Sem qualquer construção nas proximdades, Los Frailes é também um refúgio natural para espécies como o veado-de-cauda-branca. Foi eleita a melhor praia do Pacífico porque as autoridades conseguiram equilibrar o respeito pela natureza com o turismo.

As localidades vizinhas de Puerto López e Agua Blanca beneficiam economicamente do turismo, com restaurantes e alojamento para os visitantes atraídos pela beleza natural da região.

Repórteres do Mundo mostra as diferentes perspetivas e a diversidade cultural em reportagens das mais de 40 televisões parceiras da SIC. Sábado, às 15h30, na SIC Notícias.