Silva Pires

Jornalista

Volante

Outlander PHEV traz o melhor da Mitsubishi

Pioneiro dos SUV PHEV, o Mitsubishi Outlander está de volta com as qualidades reconhecidas e até um sistema híbrido renovado. Sempre muito japonês no estilo e no ambiente, a qualidade percebida habitual, convence na dinâmica e não destoa na eficiência do sistema motriz. Os preços alinham pela oferta concorrente.

Outlander PHEV traz o melhor da Mitsubishi
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A imagem recorre a mais uma derivação do Dinamic Shield, aqui com os faróis elevados e os “indispensáveis” cromados que suportam as luzes diurnas. Grande grelha em dois planos, incluindo o emblema dos diamantes, entrada de ar separada pelo para-choques, o Outlander tem um rosto, no mínimo, sui-generis.

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O resto veste-se de traços horizontais associados ao músculo bem desenhado a marcar a silhueta. A postura é convincente e as jantes de 20 polegadas, neste caso, ajudam a equilibrar a grande distância ao solo (19,9 cm).

A traseira adota um portão de estilo hexagonal, a lembrar o Pajero. Juntam-se as luzes horizontais para alargar os ombros e sugerir mais largura e estabilidade. Mas, não restam dúvidas: só podia ser japonês e não será consensual.

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No habitáculo, respiramos um ambiente que retrata a tradição japonesa. Os acabamentos são cuidados e não se dispensam apontamentos de requinte. A novidade é um painel de instrumentos digital com 12,3 polegadas (carregado de informação!) que é complementado por um ecrã central da mesma dimensão. De saudar, os comandos físicos para o ar condicionado reunidos em módulo próprio, e uma consola, larga, bem estruturada.

Os acabamentos em pele superam o plástico de boa qualidade e são muitas as superfícies revestidas a material imitando o metal. Bem construído, cuidado mas, também, denotando alguma falta de modernidade.

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Banco traseiro sobreelevado, lugar central reduzido, pequeno túnel no piso, espaço para passar os pés sob os bancos dianteiros, tem o senão de o forro do tejadilho ser mais encorpado para receber o grande painel vidrado de abrir que ilumina o ambiente e roubar algum espaço para a cabeça. A bagageira, com 495 litros, dispensa críticas e acaba por nem surpreender num SUV com 4,78 m de comprimento e 1,77 m de altura.

O novo Outlander ainda recorre as sinergias da Aliança e daí assentar na plataforma usada pelos Nissan Qashqai de suspensão multibraços atrás. Combina um motor 2.4 de quatro cilindros a gasolina, a debitar 136 cv, com duas unidades elétricas, uma por eixo, com as potência de 85 kWh à frente, e 100 kWh, atrás, os quais garantem a tração às quatro rodas. A bateria tem 22,7 kWh de capacidade. Transmissão de velocidade única, 302 cv de potência combinada, 7,9 segundos de 0 a 100, e um consumo de 0,8 litros aos 100 são os números anunciados pela Mitsubishi.

A estes valores, quase sempre difíceis de alcançar, a marca japonesa acresce a promessa de uma autonomia elétrica que pode chegar aos 86 quilómetros e, num carro com depósito agora para 53 litros de gasolina, uma autonomia total capaz de atingir 844 km.

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Os modos de funcionamento são quatro – Normal, Save, EV e Charge: Normal (otimiza automaticamente a condução EV/Híbrida); EV (propulsão elétrica quando há carga na bateria); Save (prioridade à manutenção do nível de carga da bateria); Charge (recarregamento da bateria). Quanto a modos de condução, sete – Normal, Eco, Power, Alcatrão, Terra, Neve e Lama. Enfim, soluções para todo o tipo de terreno num carro com suspensão revista para assegurar maior maneabilidade.

Há três escolhas de propulsão: Modo EV (circulação utilizando a energia armazenada na bateria); Modo híbrido em série (motor de combustão utilizado como gerador para alimentar os motores elétricos, a par com a energia das baterias); Modo híbrido paralelo (prioridade ao motor de combustão, com ajuda elétrica na aceleração, sendo o excedente de potência utilizado para carregar a bateria).

Bem sentados ao volante, naturalmente em posição elevada, vamos encontrar um SUV com veia de bom rolador, agradável de guiar, crescendo natural sem repelões, mas a deixar perceber os 2145 kg de peso. Ainda assim, acelera de 0 a 100 em 7.9 segundos e atinge os 170 km/h de velocidade máxima. A regeneração (cinco níveis) regula-se nas patilhas no volante ou na função B, no seletor de marcha, que garante o automatismo da escolha adequada. Em curva, e à medida que a velocidade aumenta, não deixa de acusar a altura e manifestar tendência para um ligeiro adornamento. De todo o modo, um bom compromisso de suspensão, também no que respeita ao conforto. A direção tem assistência compatível com um SUV desta natureza e os travões, progressivos, cumprem bem o seu papel.

O sistema híbrido, sem surpresa, convence pela eficiência, num carro com três modos de funcionamento que se gerem automaticamente e contribuem para um elevado patamar de confiança do condutor. Além do modo EV, o Outlander pode funcionar em híbrido paralelo (primazia à unidade térmica com ajuda elétrica na aceleração e funcionamento com tração dianteira) e híbrido em série (motor a combustão faz de gerador dos motores elétricos que garantem a tração). Tudo isto se processa automaticamente.

Automático também é o sistema de tração integral, sem veio de transmissão (S-AWC) e assente num diferencial ativo traseiro, o qual distribui o binário entre as rodas traseiras garantindo a vectorização que melhora o comportamento em curva, como a natural tendência subviradora inicial.

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Em termos práticos, em condução suburbana, consegui 78 km em modo elétrico (19,2 kWh/100 km), nos primeiros 100 km o consumo foi de 2,2 litros aos 100. Bateria a zero, a média foi de 8,4 litros/100 Km e, no final, 198 km valeram a média de 5,3 litros/100 km (20,8 kWh). Parece-me honesto, cumprindo os limites de velocidade e face aos 86 prometidos pela marca, até por ter andado muito pouco no trânsito citadino.

O novo Outlander admite o carregamento rápido, mas apenas através de uma ficha CHAdeMO de 50 kW DC. Será assim possível levar a bateria dos 0 aos 80% da capacidade em 32 minutos. Numa tomada AC de 3,5 kW serão necessárias seis horas e meia.

Em termos de equipamento, o SUV da Mitsubishi está alinhado com as cinco opções disponíveis. A versão Intense, com o preço de 44 000€+IVA, contempla, designadamente, iluminação full LED, bancos em pele e alcântara aquecidos, como o volante, head-up-display, sistema de som premium, câmara de 360º, bagageira elétrica, jantes de 20 polegadas.

Em termos de garantia, o Mitsubishi Outlander oferece cinco anos ou 100 000 km, com cobertura adicional para oito anos e 160 000 km, o mesmo dado para a bateria de tração. A assistência em viagem é também de oito anos.