Gustavo Tato Borges, presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública, refere que ainda há dúvidas sobre a doença, mas considera que não há razão para uma “preocupação exacerbada”.
A Direção-Geral da Saúde (DGS) atualizou esta terça-feira os casos de infeção humana por vírus Monkeypox dando conta de uma ligeira subida de 37 para 39 casos confirmados. A maioria das infeções foram notificadas na região de Lisboa e Vale do Tejo, mas há agora também “registo de casos nas regiões Norte e Algarve”.
Ainda há dúvidas sobre a doença, nomeadamente a forma como o vírus entrou em Portugal e como acabou por se disseminar e, sobretudo, as mutações “mais do que aquilo que era expectável”, refere Gustavo Tato Borges.
“Neste momento não há razão para uma preocupação exacerbada”. Devemos sim, avisa o especialista, fazer uma vigilância de saúde.
“O risco de podermos ter um surto alargado na população é relativamente baixo”.
Sinais de alerta
Lesões ulcerativas, erupção cutânea, gânglios palpáveis, eventualmente acompanhados de febre, arrepios, dores de cabeça, dores musculares e cansaço devem ser sinais de alerta, avisa a DGS que aconselha quem tiver estes sintomas a procurar aconselhamento clínico e a, caso se dirija a uma unidade de saúde, cobrir as lesões cutâneas.
Perante os sintomas referidos, deve ser evitado o “contacto físico direto com outras pessoas”, bem como a partilha de vestuário, toalhas, lençóis e objetos pessoais enquanto estiverem presentes as lesões cutâneas, em qualquer estadio, ou outros sintomas”.
Tratamento e recuperação
Quanto ao tratamento da doença e sua recuperação, o especialista refere que depende de cada caso. A doença não tem um tratamento específico, o que se tratam são os sintomas – dores, febre -, depende da capacidade do organismo de responder a este vírus.
“Tem de ser o nosso corpo a eliminar, de forma natural” o vírus monkeypox, explica. “Pode demorar umas semanas ou ser uma recuperação mais rápida”.
Período de incubação e quarentena
A doença tem um período de incubação entre 10 a 21 dias. Há países que determinaram isolamento de cerca de 21 dias a pessoas infetadas.
“É uma medida cautelosa, mas não será ainda necessário fazê-lo de uma forma generalizada”, considera Tato Borges.
Nesta fase a doença está circunscrita a um grupo de pessoas – homens entre os 20 e 60 anos – e não tem havido disseminação para outros grupos.
“Não havendo esta passagem para outros grupos, neste momento podemos estar relativamente confiantes”, tranquiliza o especialista.
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