A maioria dos portugueses não tem acesso a um médico dentista e mais de 65% das crianças com menos de seis anos nunca foram a uma consulta. Um retrato negativo da saúde oral dos portugueses, agravado pelas dificuldades financeiras.
O barómetro Saúde Oral 2022, promovido pela Ordem dos Médicos Dentistas, revela vários problemas que afetam a sociedade portuguesa. Esta entidade aponta que não faltam médicos dentistas, o que falta é uma estratégia para a saúde oral.
“Portugal tem mais de seis mil clínicas privadas dispersas, bem equipadas, com uma dispersão e uma cobertura a nível de todo o território e que podem ser aproveitadas”, revela Miguel Pavão, bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas.
A Ordem pede ainda a reformulação do cheque dentista, visto que desde 2008 viu o seu valor cair de 40 para 35 euros, quando na verdade, tendo em conta o custo de vida atual, deveria ser de 63 euros, defende Miguel Paiva.
O facto de 65% das crianças portuguesas com menos de 6 anos nunca ter ido ao dentista e a maioria dos portugueses afirmar que não vai porque acha que não precisa, são situações que preocupam os especialistas.
“Julgo que essa é uma razão que nos deve preocupar a todos pela valorização e pela iliteracia que existe na população portuguesa. A segunda razão apontada é uma questão económica”, diz o bastonário.
Consultas a preços acessíveis
Quem necessitar de consultas a preços mais acessíveis, na clínica da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto, estão disponíveis 32 gabinetes, onde os estudantes, supervisionados por docentes, atendem a comunidade.
Paulo Melo, diretor da Faculdade, garante que é possível agendar uma consulta no espaço de uma ou duas semanas.