No ano passado, os hospitais portugueses detetaram 190 casos de mutilação genital feminina. Mais de metade teve complicações de saúde decorrentes desta prática. Várias organizações e ativistas lutam contra esta violação dos direitos humanos, ainda muito enraizada em alguns países africanos.
Dos 190 casos de mutilação genital feminina registados, apenas dois foram referenciados por hospitais fora da zona de Lisboa. A maioria das vítimas é natural de Guiné Bissau, onde a lei proíbe esta prática, mas falha a implementação.
Fatumata Bladé é ativista e lidera um comité para o abandono destas práticas ancestrais. Ela própria vítima de mutilação genital feminina, sublinha que há um ciclo de domínio para quebrar e apela à condenação pública destes atos.
Segundo dados da Direção-Geral da Saúde, em quase 73% dos casos, a mutilação genital ocorreu nos primeiros nove anos de vida.
Ativistas e organizações defendem que a erradicação passa por envolver mais os jovens.
Em nove anos, foram registados em Portugal 853 casos de mutilação genital feminina, a maioria detetados durante a vigilância da gravidez.