Saúde e Bem-estar

Medicamento usado na perda de peso foi o que teve maior aumento de despesa

Em outubro de 2022, a Comissão Nacional de Farmácia e Terapêutica do Infarmed alertou que a utilização indevida do medicamento Semaglutido condicionava o seu acesso aos doentes com diabetes e defendeu que a prescrição deveria ser feita "em consciência". Lembrou ainda que, em Portugal, não tem indicação terapêutica aprovada no tratamento da obesidade ou excesso de peso.

Medicamento usado na perda de peso foi o que teve maior aumento de despesa
Westend61

O Semaglutido, um antidiabético também usado para a perda de peso, foi o medicamento com maior aumento de despesa em 2022, representando um encargo para o Serviço Nacional de Saúde (SNS) superior a 27 milhões de euros.

Segundo o relatório da Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed) sobre a monitorização do consumo de medicamentos nas farmácias comunitárias, o SNS gastou, no último ano, 27,2 milhões de euros com o Semaglutido, mais 19,8 milhões do que em 2021, ano em que passou a ser comparticipado.

Apesar deste aumento de encargos públicos, este medicamento, que registou um grande aumento de procura em 2022, tinha apenas um peso no mercado de 1,7% nesse ano.

Classe terapêutica

Os dados do Infarmed indicam ainda que a classe terapêutica dos fármacos antidiabéticos representou uma despesa para o SNS de cerca de 378 milhões de euros em 2022, mais 64,3 milhões do que no ano anterior, ou seja, um aumento de 20,5%.

No total, o encargo público com todos os medicamentos comparticipados pelo SNS no último ano ascendeu a 1.567 milhões de euros, mais 137 milhões do que em 2021 (mais 9,6%).

Utilização indevida do Semaglutido

Em outubro de 2022, a Comissão Nacional de Farmácia e Terapêutica do Infarmed alertou que a utilização indevida do medicamento Semaglutido condicionava o seu acesso aos doentes com diabetes e defendeu que a prescrição deveria ser feita "em consciência".

A comissão lembrou que, em Portugal, o Semaglutido não tem indicação terapêutica aprovada no tratamento da obesidade, ou excesso de peso, em doentes não diabéticos, pelo que a sua utilização nestas situações corresponde a uma utilização 'off-label', "que deverá ser discutida com o doente e fora do regime de comparticipação pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS)".

Nessa circular, o Infarmed reconheceu ainda que este medicamento apresentava "problemas de abastecimento devido a um aumento de procura significativo e à incapacidade da empresa Novo Nordisk de ajustar o fabrico às quantidades necessárias", sublinhando que esta situação estava a afetar, não só Portugal, mas também a maioria dos países europeus e os EUA.