Saúde e Bem-estar

"Estratégia falhada": enfermeiros dizem que vacinação nas farmácias pressiona urgências

O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses mostra que os dados do período em que as vacinas foram dadas praticamente só pelas farmácias revelam menos adesão por parte dos utentes e menos cobertura vacinal.

"Estratégia falhada": enfermeiros dizem que vacinação nas farmácias pressiona urgências
Xavier Lorenzo

O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) considera que a decisão do Governo de pôr as farmácias a administrar vacinas, contra a gripe e a covid-19, está a contribuir para a pressão nas urgências.

Numa nota publicada no seu site, com o título “Vacinação no privado - a estratégia falhada!”, o SEP diz que os dados do período em que as vacinas foram dadas praticamente só pelas farmácias mostram menos adesão por parte dos utentes e menos cobertura vacinal.

Em novembro deste ano, 66% da população com mais de 80 anos estava vacinada contra a gripe. A percentagem era de 75% na mesmo período do ano passado.

“Era esperada uma maior resistência dos cidadãos”

Em relação à vacina da covid-19, a diferença é ainda maior. Até novembro de 2022, 72% da população com mais 80 anos estava vacinada contra a doença, enquanto no mesmo período do ano passado foram vacinadas cerca de 55% desta fatia populacional.

"Era esperada uma maior resistência dos cidadãos, incluindo os maiores de idade, após os anos de pandemia, pelo cansaço emocional que significou a inoculação de várias doses da vacina da covid", escreve a estrutura sindical.

Por outro lado, acrescenta, a comunidade científica já tinha alertado para a possibilidade de "uma menor proteção imunológica dos portugueses decorrente da utilização dos meios de proteção durante" a pandemia.

O Sindicato diz que a cobertura vacinal seria superior se a administração fosse feita pelos enfermeiros de família com quem os utentes têm uma relação de confiança.

"Provavelmente o número de doentes que recorreram aos serviços de urgência teria sido menor", conclui.