Nas análises realizadas aos políticos da UE para esta campanha de sensibilização, verificaram a presença de sete PFAS (químicos associados a doenças graves, como cancro, infertilidade, perturbações do sistema imunitário e malformações congénitas) em todas as pessoas testadas. Cinco políticos apresentaram valores que ultrapassam os limites de segurança. Estes valores não diferem dos valores geralmente apresentados por qualquer cidadão europeu.
"Os testes mostram que ninguém está imune à presença de PFAS, nem mesmo os altos funcionários europeus", lê-se no comunicado.
Com o estudo percebeu-se que ainda existem grandes lacunas no controlo de produtos químicos na Europa. Os resultados permitem confrontar os líderes políticos com a realidade de que todos os europeus estão expostos a uma poluição química extremamente elevada.
"A contaminação por PFAS não discrimina ninguém. Todos nós somos vítimas. Ninguém está imune à poluição química, independentemente do local ou da forma como vive", sublinha Tatiana Santos, diretora de Política de Produtos Químicos do EEB.
Margrethe Vestager, vice-presidente Executiva da Comissão Europeia, acrescentou que "a Europa está a liderar o caminho, restringindo a sua utilização e investindo dinheiro em investigação e soluções para os substituir. Fiz este teste porque queria ajudar a aumentar a sensibilização para este simples facto: pode ainda demorar algum tempo até que os PFAS sejam totalmente substituídos, mas é o caminho certo a seguir".
Alguns escândalos reportados verificaram que, em alguns sítios, a exposição a estes químicos é 100 vezes superior à média, nomeadamente na região de Veneto em Itália, no "vale químico" perto de Lyon (França), Bélgica, Países Baixos, entre outros.
A própria indústria, juntamente com pressões políticas, fizeram com que a Comissão Europeia bloqueasse a reforma da desatualizada lei de controlo de produtos químicos da UE, o REACH (Regulamento sobre o Registo, Avaliação, Autorização e Restrição de Produtos Químicos).
Cinco Estados-Membros propuseram a proibição dos PFAS em janeiro de 2023, mas o processo é moroso ao ponto de precisar de anos para que os produtos químicos altamente perigosos sejam progressivamente eliminados em toda a Europa.
"Trata-se de um grave problema de poluição e de saúde pública, que não se limita às zonas altamente poluídas. Os PFAS são uma ameaça invisível que se infiltra nos alimentos que comemos, na água que bebemos e até nas nossas casas através de produtos do quotidiano. As autoridades estão, de facto, a dar prioridade à ganância da indústria em detrimento do bem-estar público. É mais do que tempo de os funcionários da UE agirem, protegerem as gerações futuras e responsabilizarem os poluidores pelos danos que causaram", alerta a diretora de Política de Produtos Químicos do EEB
Algumas partes da indústria estão contra a proposta de proibição dos PFAS, ainda que algumas anseiem pela sua restrição. Esta proposta também estimulou a inovação no setor, fazendo com que se sejam constantemente desenvolvidas alternativas mais seguras aos PFAS, de modo a poder satisfazer as futuras exigências do mercado.