Ainda estão a ser realizados testes preliminares, mas poderá surgir “dentro de alguns anos” um medicamento mais eficaz no combate à obesidade, do que os habituais Ozempic e Wegovy. De acordo com um ensaio clínico da farmacêutica Novo Nordisk, 16 pessoas perderam cerca de 13% do seu peso em apenas três meses, devido à toma de amicretina.
Os resultados da fase I deste ensaio clínico da Novo Nordisk foram anunciados dia 7 de março pelo grupo farmacêutico sediado na Dinamarca.
Os ensaios anteriores registaram apenas uma perda de peso de cerca 6%, num período semelhante - três meses - através dos fármacos Ozempic e Wegovy, também da Novo Nordisk.
O Wegovy pertence a uma classe de medicamentos conhecidos como agonistas do GLP-1, originalmente concebidos para tratar a diabetes tipo 2, que demonstraram regular os níveis de glucose no sangue e suprimir o apetite.
A empresa farmacêutica esclarece que ainda é necessário realizar mais pesquisas científicas, de modo a avaliar a eficácia e segurança a longo prazo da toma desta substância, mas estima que, no máximo, num período de 10 anos este medicamento esteja pronto a ser comercializado.
“Nunca me comprometo com prazos, mas ficaria muito confortável em dizer pelo menos nesta década”, afirmou o presidente executivo da Novo Nordisk, Martin Holst Lange, em entrevista sobre os prazos para início de produção.
Contrariamente a outros medicamentos à base da substância semaglutida, como Ozempic, Wegovy ou Mounjaro (da fabricante Eli Lilly), a amicretina é administrada sob a forma de comprimidos, contrariamente à injeção abdominal semanal necessária em outros fármacos.
Como atua a amicretina?
A amicretina atua “imitando” a ação de uma hormona segregada pelo intestino (identificada pela abreviatura GLP-1), que estimula a produção de insulina e proporciona uma sensação de saciedade.
Esta substância imita ainda a atuação de outra hormona, denominada por amilina, reconhecida actualmente como a 3.ª hormona da glucorregulação.
"Esta abordagem parece um pouco mais interessante, com base nos dados limitados de que dispomos. Mas são necessários mais dados", disse Daniel Drucker, investigador da Universidade canadiana de Toronto à revista New Scientist, anotando que a amicretina não foi objeto de um ensaio que a comparasse cm outros tratamentos
De acordo com o presidente executivo da Novo Nordisk, após 12 semanas desde o início da toma da amicretina no ensaio clínico, mais de 80% dos participantes continuavam a tomar este medicamento.
Martin Holst Lange descreveu esta taxa de retenção como “impressionante”, sugerindo que as doses eram seguras e que os doentes toleravam a toma de forma positiva e sem efeitos secundários relevantes.
Acrescentou também que "seria um cenário provável" que os novos medicamentos tivessem benefícios cardíacos semelhantes aos do Wegovy.
O Wegovy pertence a uma classe de medicamentos conhecidos como agonistas do GLP-1, originalmente concebidos para tratar a diabetes tipo 2, que demonstraram regular os níveis de glucose no sangue e suprimir o apetite.
Novo Nordisk regista subidas históricas na bolsa
As ações da empresa farmacêutica subiram mais de 8%, atingindo máximos históricos no dia 7 de março, quando a empresa anunciou aos investidores os dados relativos à primeira fase deste estudo, que apresentava uma eficácia inicial maior do que o medicamento. Wegovy.
As ações deste produtor de medicamentos ultrapassaram as da fabricante de automóveis Tesla Inc, abrindo um novo capítulo em valor de mercado.
O vice-presidente executivo disse aos investidores que a amicretina tinha "o potencial de mostrar a mesma eficácia e segurança que o CagriSema", o outro tratamento da empresa direcionado para a amilina.
“Os resultados de um ensaio de uma forma injetável de amicretina são esperados durante 2025”, disse, acrescentando que a Novo Nordisk iria então considerar um "ambicioso programa de desenvolvimento".
Os investidores disseram que a notícia mostra que a empresa dinamarquesa, originalmente conhecida como fabricante de insulina, tem mais no seu pipeline para além do seu sucesso Wegovy.
As ações da Novo Nordisk já tinha triplicado desde junho de 2021, altura em que o Wegovy foi lançado nos Estados Unidos.